Ícone do site O Juruá Em Tempo

Adolescente é abusada sexualmente dentro de igreja no AM

Uma adolescente indígena de 14 anos, residente em Beruri, no interior do Amazonas, teve sua vida virada do avesso após anos de abuso sexual e perseguição por um homem de 62 anos, também indígena. O sofrimento, que a levou a uma tentativa de suicídio, veio à tona com a recente prisão do agressor em uma aldeia da região. A vítima carregava o peso desse trauma desde os 11 anos de idade, quando foi violentada pela primeira vez.

A investigação que culminou na prisão do suspeito neste sábado (28) teve início a partir de uma denúncia anônima. A delegada Rosane Ferreira, responsável pela 80ª Delegacia Interativa de Polícia (DIP), explicou que a denúncia alertava para o grave sofrimento psicológico da adolescente nos últimos dois anos. Ela apresentava sintomas como insônia, isolamento e, mais preocupante, tentativas de autoextermínio. Mesmo com acompanhamento médico, a falta de melhora acendeu o alerta para a possibilidade de algo mais profundo estar acontecendo.

O abuso, segundo o depoimento da jovem, começou quando ela tinha apenas 11 anos. Abordada pelo suspeito, um vizinho da aldeia, nos fundos de uma igreja, a adolescente foi violentada. Como prova do crime, ela guardou a roupa rasgada, um testemunho silencioso de sua dor. Desde então, o medo a impedia de sair sozinha ou frequentar a igreja, locais que se tornaram símbolos de seu trauma.

Mesmo diante da reclusão da vítima, o acusado persistia no assédio, fazendo gestos obscenos e mandando beijos. A adolescente revelou ainda que não era a primeira vez que esse homem cometia atos semelhantes; outra jovem da comunidade já havia denunciado os abusos, mas, sem o apoio das lideranças locais, foi desacreditada e acabou deixando a aldeia. Esse precedente apenas reforçou o temor da vítima de não ser ouvida e de sofrer represálias contra sua família.

A delegada Rosane Ferreira enfatizou a complexidade do caso, ressaltando a influência que o suspeito exercia na aldeia, o que dificultava enormemente a denúncia e tornava a situação ainda mais delicada. Diante das provas contundentes e do iminente risco à integridade da jovem, a polícia agiu rapidamente, solicitando e obtendo a prisão preventiva do agressor. Ele agora responderá por estupro de vulnerável e passará por audiência de custódia. Este caso doloroso evidencia a importância de romper o ciclo de silêncio e garantir que vítimas de abuso, especialmente em comunidades vulneráveis, encontrem o apoio e a justiça que merecem.

Sair da versão mobile