Ao longo de 1 ano e 4 meses, a Faixa de Gaza tem sido palco do que especialistas, organismos internacionais e a própria ONU já classificam como o genocídio mais documentado da história moderna. Segundo dados recentes, cerca de 92% do território de Gaza foi destruído, incluindo não apenas áreas residenciais, mas também parte significativa do patrimônio cultural, histórico e da própria identidade do povo palestino.
De acordo com o levantamento, em média, 30 bombas foram lançadas diariamente sobre Gaza durante esse período. O saldo é devastador: 56 mil mortos, sendo que metade são mulheres e crianças, além de quase 2 milhões de palestinos forçados ao deslocamento.
O cenário de destruição é total. De norte a sul, pelo menos 14 cidades palestinas foram praticamente reduzidas a escombros, obrigando civis a sobreviver em tendas improvisadas no que restou de seus lares.
Além dos bombardeios, a crise humanitária se agrava com o bloqueio de ajuda. Organizações internacionais tentam garantir alimentos e insumos básicos para a população, mas 90% da ajuda é sistematicamente barrada por autoridades israelenses, segundo agências humanitárias. Nem mesmo as filas para receber comida são poupadas: 516 palestinos foram mortos e outros 3.800 ficaram feridos enquanto aguardavam auxílio, alvejados por forças israelenses.
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Cessar-fogo sistematicamente vetado
Apesar dos apelos internacionais, sete tentativas formais de cessar-fogo foram propostas desde 2023, todas vetadas pelos Estados Unidos, que mantêm apoio militar, financeiro e diplomático às ações do governo israelense.
No dia 22 de março deste ano, o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, deixou claro os objetivos das operações: “Não iremos encerrar nossas operações em Gaza até deslocarmos todos os palestinos e o plano de Trump for implementado”, declarou.
O chamado “Plano de Trump”, anunciado em fevereiro, prevê que “os palestinos não retornarão. Gaza será transformada em uma Riviera, um resort do Oriente Médio”, segundo o ex-presidente dos Estados Unidos.
Reféns esquecidos
O discurso oficial de Israel, que inicialmente justificava os ataques como uma operação para libertar 53 reféns israelenses mantidos pelo grupo H4m4s, vem sendo cada vez menos citado. Familiares dos reféns acusam o governo de negligência, criticando a falta de negociações para a libertação dos sequestrados. Muitos afirmam que os bombardeios em massa tornam impossível não só localizá-los, como também garantir que estejam vivos.
Expansão além de Gaza
As ações militares não se restringem a Gaza. Desde 2023, Israel realizou ataques considerados “preventivos” em cinco países diferentes: Líbano, Síria, Iêmen, Irã e Palestina (Cisjordânia).
Na Cisjordânia, tratores israelenses demoliram 3.000 casas palestinas sob a justificativa de “segurança militar”, cedendo espaço para assentamentos de colonos israelenses. Cenário semelhante ocorre na Síria, nas regiões de Khan Arnabah e Monte Hermon, onde 3.000 cidadãos sírios foram expulsos para abrigar cerca de 1.200 israelenses.
Acusações de genocídio
Diante desse panorama, organizações internacionais, juristas e a própria Organização das Nações Unidas classificam os atos como genocídio, crime que viola diretamente tratados internacionais dos quais Israel é signatário. O mesmo órgão que, em 1948, reconheceu a criação do Estado de Israel, hoje vê seus princípios de defesa dos direitos humanos postos em xeque.
A comunidade internacional segue pressionando, mas, até agora, as soluções são constantemente bloqueadas por interesses geopolíticos e alianças militares, aprofundando uma das maiores crises humanitárias deste século.

