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Inclusão: Bruno Feliciano é o primeiro com deficiência visual a se formar em Direito no Acre

Em um estado onde a inclusão ainda enfrenta grandes obstáculos, Bruno Feliciano escreveu um novo capítulo na história do ensino superior ao se tornar o primeiro aluno com deficiência visual a concluir o curso de Direito no Acre. A conquista, celebrada com emoção na cerimônia de formatura no Campus Floresta, em Cruzeiro do Sul, foi coroada com sua escolha como juramentista da turma — um que representa sua superação individual.

A trajetória de Bruno foi marcada por persistência diante de um sistema que ainda não está plenamente preparado para atender alunos com deficiência. Durante os cinco anos de graduação, ele enfrentou dificuldades para acessar conteúdos acadêmicos, muitos dos quais eram disponibilizados em formatos incompatíveis com leitores de tela. Com isso, vários professores adaptaram materiais, digitaram textos inteiros e buscaram alternativas para garantir que Bruno pudesse acompanhar as disciplinas com autonomia.

A coordenadora do curso, professora Fabiana David Carles, foi uma das aliadas nessa jornada. Além de acompanhar o desempenho acadêmico de Bruno, ela orientou seu Trabalho de Conclusão de Curso, que abordou o Direito Previdenciário com foco em populações rurais, que enfrentam limitações de acesso aos serviços digitais do INSS.

Além do apoio acadêmico, Bruno contou com a força de sua noiva, Antônia Lívia, que enfrentou ao seu lado os desafios da graduação. Com baixa visão e em tratamento contra o câncer de pele, Antônia foi presença constante nos momentos mais difíceis, provando que o afeto também é ferramenta de resistência.

Agora formado, Bruno se prepara para a prova da OAB com um objetivo claro: advogar em defesa dos direitos de quem mais precisa. “Esse sonho é só o começo do caminho. Agora me sinto capaz de fazer justiça, realizar justiça, advogar e defender os direitos das pessoas que me procurarem”, afirmou.

A história de Bruno Feliciano é um lembrete poderoso de que a inclusão não é um favor — é um direito. E quando ela acontece, transforma não apenas o indivíduo, mas todo o entorno.

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