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Da rápida adaptação no Chelsea ao gol no Maracanã, Estêvão celebra “momentos mais felizes da vida”

Além dos dribles, do controle de bola e do refino técnico para fazer gols e dar assistências, Estêvão tem uma outra característica marcante: o sorriso largo, que é estampado no rosto com frequência, seja em situações de alegria, timidez ou até mesmo nervosismo.

Nos últimos dias, o sorriso tem aparecido ainda mais. Afinal, segundo o próprio Estêvão, ele tem vivido os momentos mais felizes da vida. Rapidamente adaptado ao Chelsea, da Inglaterra, o meia-atacante voltou a ter chance na seleção brasileira e realizou o sonho de marcar o primeiro gol com a amarelinha num palco lendário.

– Eu nunca tinha jogado no Maracanã, foi a primeira vez. Então, por tudo que representa o Maracanã, tudo que representa a seleção brasileira, acho que não poderia ser melhor – disse o jogador, em entrevista exclusiva ao ge.

O gol e o bom desempenho contra o Chile, na última quinta-feira, aproximaram o garoto de um sonho ainda maior: o de disputar uma Copa do Mundo.

Presente em cinco das últimas seis convocações do Brasil, Estêvão desponta como forte candidato a integrar o grupo que buscará o hexa em 2026, mas sabe que até lá ainda terá que mostrar trabalho. Nesta terça, ele deve ter nova oportunidade, desta vez num ambiente que não lhe traz as melhores recordações.

A Seleção fechará a participação nas Eliminatórias na altitude de mais de 4 mil metros de El Alto, na Bolívia. Em abril deste ano, Estêvão jogou em La Paz pelo Palmeiras e chegou a vomitar em campo. Nem por isso se intimida:

– Aguentei até onde eu pude, até o começo do segundo tempo. É muito difícil. Eu, por ser mais leve, fico mais rápido, mas acaba que você respira menos. Acho que já foi uma experiência muito boa pra eu saber como é, não chegar de surpresa – disse o jovem, que ainda completou:

– A bola fica mais rápida e, às vezes, você dá um pique e demora para recuperar, para buscar o fôlego. Mas, como eu falei, já tive essa experiência e com certeza eu estou mais preparado agora.

Nesta entrevista, Estêvão também conta detalhes de sua chegada à Inglaterra, fala da relação com Ancelotti, aponta os planos para o futuro e relembra histórias curiosas do passado. Tudo isso sem tirar o sorriso do rosto. Confira abaixo o bate-papo.

O que sentiu ao marcar o primeiro gol pela seleção brasileira?
– Ah, cara, passou um filme na minha cabeça, né? Porque sou muito novo ainda, mas sempre sonhei em vestir a amarelinha, sempre sonhei em fazer o meu primeiro gol pela seleção brasileira. E estar realizando agora é o meu sonho e da minha família também.

Acha que deixou um recado legal pra torcida?
– Eu acho que a gente tem melhorado cada vez mais nos treinos, nos jogos. Foi uma boa apresentação nossa, acho que deu pra dar alegria pros torcedores brasileiros, ver que a gente está melhorando, está trabalhando, está desempenhando bem. Essa última vez acho que foi bem positiva.

Como tem sido a relação com Carlo Ancelotti?
– Essa relação tem sido muito boa. Ele tem me dado toda a liberdade do mundo pra eu jogar futebol, ser eu mesmo. Tem me dado liberdade para jogar, né? Então, sentir esse carinho, sentir tudo que ele representa, ter oportunidade com ele… está sendo incrível. Tô aprendendo cada vez mais, cada dia estou tentando aprender bastante com ele. Ele é um treinador muito inteligente, um cara que quer sempre o nosso melhor. Então, estou aproveitando ao máximo.

Esses papos são mais sobre desempenho, sobre o que ele espera de você em campo, ou sobre a vida, com conselhos para além do futebol?
 Tudo em geral, sabe? De crescer como uma pessoa… Ele brinca bastante comigo sobre falar inglês, que isso serve pra vida, e dentro do futebol, dentro de campo também, eles buscam me orientar, sempre falar comigo. Isso me fortalece, isso me faz cada dia aprender mais, buscar mais, dentro e fora de campo, então serve pros dois lados também.

E você já vê melhora no seu inglês?
– Já vi muita melhora, sim. Porque lá é mais fácil de aprender. Você está todo dia falando inglês, todo dia no contato. Claro que tem dois brasileiros ali no clube, acabo ficando mais com eles. Mas eles também me forçam a falar inglês. Então, acaba que está sendo bem mais fácil.

Como tem sido a experiência de conviver com um técnico tão importante na história do futebol?
– Demais, isso é muito legal. Isso serve para todo mundo. É um cara que já ganhou quase todos os campeonatos possíveis, trabalhou com inúmeros jogadores de qualidade. Ele está tendo essa humildade de aprender o português, de estar com a gente, de estar resenhando com a gente, conversando. Isso serve pra gente evoluir cada vez mais. Ter essa humildade de saber que a gente pode melhorar, saber que a gente pode jogar. Então, acho que isso é muito legal.

O que você já vê da “cara” do Ancelotti na Seleção?
– Acho que o comprometimento de todo mundo, da parte do grupo, está sendo incrível com o Ancelotti. Acho que aqui não tem vaidade. Aqui todo mundo está em prol da seleção brasileira, todo mundo quer vencer. Todo mundo quer entregar o melhor pra seleção brasileira e pros torcedores. Acho que o Ancelotti tem batido muito nessa tecla, da gente jogar bem, da gente evoluir cada vez mais. A gente tá crescendo. Acho que isso é muito importante.

Nos três jogos com ele o Brasil não sofreu gols. A força defensiva é uma marca da escola italiana de futebol. Tem muita cobrança dele nesse sentido?
– Tem. Todo mundo se cobra dentro de campo pra não tomar gol, pra marcar, pra não deixar o outro time jogar. Como eu falei, aqui não tem vaidade, aqui é muito em prol de todo mundo. É o melhor pra seleção brasileira, então, todo mundo faz seu papel. Ainda mais de defender. Então, todo mundo defende, todo mundo ataca. E, consequentemente, isso vai fazendo o grupo crescer também.

O quanto a Copa do Mundo mexe com você?
– Total, cara. O maior objetivo de todos os jogadores eu acho que é a Copa do Mundo. É o campeonato mais importante. Acho que estou desenvolvendo agora no Chelsea, estou tendo a oportunidade e aproveitando. A gente sonha sim com uma Copa do Mundo, a gente sonha e está trabalhando. Todos os dias eu tento aprender ao máximo aqui e no Chelsea pra evoluir cada vez mais meu futebol. E, consequentemente, se tudo der certo, uma convocação seria a realização de um sonho.

O que você acha que tem de tão diferente na Copa?
– Pô, tudo. O país para pra ver você jogar. Estar lá, representando a seleção brasileira, acho que deve ser uma coisa incrível, espetacular. Ainda mais dar alegria para todos os torcedores.

Já são cinco convocações para a Seleção, mas não deixa de ser um início para você. Como tem sido a relação com os outros atletas e de quem você é mais próximo?
 A relação aqui com todo mundo é muito boa, sabe? Claro que a gente fica mais próximo do João (Pedro), do Andrey, porque a gente está todo dia junto lá (no Chelsea). Em relação aos mais velhos, o Marquinhos é um cara que está me ajudando muito. O Alisson, o Raphinha, o Paquetá, o Bruno Guimarães… São caras que estão me ajudando bastante nesse início da seleção brasileira.

Falamos muito de Seleção, mas gostaria que você contasse como está sendo esse início no Chelsea.
– Está sendo incrível! Tô adorando o Chelsea, tô adorando Londres. Acho que não poderia ser melhor. A gente sempre vai com receio, né? Mudança de país, ficar mais longe da minha família, que está lá em Franca. Mas está sendo incrível, Deus está abençoando. Pô, acho que os momentos mais felizes da vida.

Já imaginava ganhar musica da torcida logo de cara?
– Não (risos). Eu só escutei o “Estêvão”, a musiquinha… mas, esse carinho que eu vejo que os torcedores têm comigo, não só eles, mas a comissão técnica, todo mundo ali do Chelsea, é incrível! Desde que eu cheguei, eu me senti em casa. Então, só agradeço a Deus por tudo mesmo.

 
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