O café produzido em Mâncio Lima, cidade mais ocidental do Brasil, atravessou o oceano e chegou à Europa. Nesta semana, o jovem agrônomo e empreendedor Bruno Oliveira Silva, sócio-fundador do Café Vó Raimundo, participa de uma missão internacional em Turim, na Itália, ao lado de outros produtores acreanos.
O objetivo é apresentar os cafés robusta amazônicos a potenciais compradores, conhecer novas práticas de comercialização e abrir portas para o mercado europeu. A iniciativa é fruto de uma parceria entre o Governo do Acre, por meio da Secretaria de Estado de Agricultura (Seagri), e o Sebrae, que têm unido esforços para fortalecer a cafeicultura regional.
Juventude que transforma a cafeicultura
Bruno representa a nova geração de produtores que vêm mudando a realidade agrícola de Mâncio Lima. Formado em Engenharia Agronômica em 2017, ele iniciou sua trajetória ainda na graduação, pesquisando clones de café. Em 2018, junto com o pai, o também agrônomo Francisco Romoaldo, implantou o primeiro viveiro de mudas registrado no município — um marco para a cafeicultura local.
Com espírito inovador, nasceu o Café Vó Raimundo, marca que rapidamente se destacou pela qualidade, pelo compromisso com a sustentabilidade e pela história familiar que carrega. O nome é uma homenagem às raízes, mas o impulso vem da visão jovem de Bruno, que acreditou no potencial do robusta amazônico.
“Começamos como produtores e viveristas e hoje temos uma torrefação. Nunca imaginei ser empresário, e agora estamos mostrando para o mundo o nosso trabalho, o nosso município, o mais ocidental do Brasil, que acreditou nessa cultura. É uma satisfação enorme. Realizei um sonho pessoal e profissional ao mesmo tempo, e foi o café que me proporcionou tudo isso”, destacou Bruno.
Ele relembrou ainda os primeiros passos:
“Essa semente foi plantada em 2012, quando decidi cursar Engenharia Agronômica. O diploma abriu portas, trouxe confiança dos produtores e nos deu responsabilidade. Fomos buscar conhecimento em Rondônia, em Acrelândia, e levamos para Mâncio Lima. Hoje, ver o nosso robusta amazônico chegar à Europa é a prova de que todo esforço valeu a pena.”

Agenda em Turim: conexões estratégicas
A missão internacional em Turim conta com uma programação voltada para abrir novos mercados e fortalecer parcerias. Entre os destaques estão:
• Universidade de Ciências Gastronômicas (UNISG): referência mundial em gastronomia, onde os produtores vivenciaram a integração do café à boa mesa.
• Cantina Rivetti: experiência com enoturismo que pode inspirar modelos futuros de café-turismo no Acre.
• Fondazione Lavazza: diálogo sobre apoio ao desenvolvimento da cafeicultura acreana.
• Universidade de Turim (UNITO): conhecimento sobre o Master universitário em café, curso internacional que prepara profissionais para o mercado global.
• Câmara de Comércio de Turim: discussões sobre equipamentos agrícolas, empreendedorismo, Indicação Geográfica e turismo.
• Piazza dei Mestieri: espaço que alia inclusão social e formação profissional de jovens na cadeia do café.
Café robusta amazônico: qualidade que conquista
A presença dos produtores acreanos em Turim reforça a estratégia de consolidar o robusta amazônico como um produto de qualidade internacional, competitivo e sustentável.
Para Mâncio Lima, a participação de Bruno simboliza o protagonismo da juventude e a força de uma cidade que vê no café um de seus pilares de desenvolvimento econômico.
Com coragem, inovação e raízes familiares profundas, o café de Mâncio Lima atravessa fronteiras e mostra ao mundo que a Amazônia também é sinônimo de qualidade, sabor e oportunidade.