Na última segunda-feira, 8 de setembro, o bispo da Diocese de Cruzeiro do Sul, Dom Flávio Giovenale, celebrou 54 anos de vida religiosa. Nesta ocasião especial, ele compartilhou reflexões sobre sua caminhada, os aprendizados ao longo das décadas, os desafios enfrentados e a esperança que mantém para o futuro da Igreja e da sociedade.
Ao olhar para sua trajetória, Dom Flávio destaca que o maior aprendizado foi reconhecer o valor das diferenças.
“O maior aprendizado foi reconhecer o valor das pessoas diferentes de mim — seja em idade, cultura, religião ou opiniões sociais e políticas. Entendi que os diferentes não são inimigos, mas nos completam, mesmo quando, no início, as diferenças causam algum problema”, afirmou.

Ele também ressaltou a experiência de sentir o amor de Deus sempre presente, seja diretamente ou por meio de pessoas que cruzaram seu caminho. No entanto, reconhece que um dos maiores desafios tem sido responder com coerência a esse amor:
“Outro aprendizado foi sentir o amor de Deus me acompanhando sempre, me protegendo. Às vezes percebi isso só depois de anos. Às vezes Ele me protegeu diretamente, outras vezes através das pessoas que colocou no meu caminho. O maior desafio continua sendo responder com coerência a esse grande amor que recebi de Deus e das pessoas. Penso que o meu maior pecado seja a omissão: poderia ter feito e poderia fazer muito mais”, disse.
Alegria em Cruzeiro do Sul
Bispo de Cruzeiro do Sul desde 2018, Dom Flávio recorda com carinho a forma como foi recebido na região.
“A maior alegria é me sentir muito amado, desde o primeiro momento, na madrugada do dia 13 de dezembro de 2018. Um amor gratuito, porque ninguém me conhecia e, mesmo assim, fui aceito imediatamente como bispo e como amigo. Eu me senti logo em casa e continuo a me sentir bem”, contou.
Sobre sua realização como líder religioso, ele afirma não ter feito nada extraordinário, mas sim dado continuidade ao trabalho dos bispos que o antecederam, adaptando-o à realidade atual.
“Até agora não precisei inventar nada, apenas continuar o que os bispos precedentes iniciaram, adaptando à realidade atual. Isso tanto na pastoral quanto nas atividades sociais. A Igreja Católica sempre deu uma contribuição formidável para a sociedade do Alto Juruá, e espero continuar assim, unindo o passado com o presente”, destacou.
O papel da Igreja hoje
Refletindo sobre as mudanças rápidas da sociedade, Dom Flávio reconhece que a Igreja enfrenta o desafio de manter a fidelidade ao Evangelho diante de um mundo em constante transformação.
“Às vezes tenho dificuldades de entender a realidade atual, de perceber o que corresponde ao projeto de Deus e o que é contrário a ele. A velocidade com que as mudanças acontecem quase impede uma reflexão mais profunda e serena, à luz da palavra de Deus e dos ensinamentos da Igreja. Os valores evangélicos da vida, da justiça, do amor e da família são eternos, mas a forma como são vividos e entendidos muda com o tempo e as culturas. A Igreja, com a riqueza teológica e o peso de 2000 anos de história, às vezes demora para dar orientações diante dos desafios atuais”, explicou.
Mensagem aos fiéis
Para marcar este momento especial de sua vida religiosa, Dom Flávio deixou uma mensagem de esperança aos fiéis da Diocese:
“Vamos em frente, caminhando juntos, sem medo, porque somos filhas e filhos de Deus. Não só isso: somos filhas e filhos muito amados por Ele. Caminhando juntos com pessoas de outras igrejas cristãs, de outras religiões e com todos os homens e mulheres de boa vontade, podemos superar os desafios atuais, especialmente a tentação do ódio e da intolerância, e criar uma sociedade mais justa, com mais chances para todos, especialmente para as crianças e jovens”, afirmou.
E completou: “Vamos em frente com alegria, porque Deus é a nossa força. Segurando na mão de Deus e unidos, vamos superar os desafios e deixar para as novas gerações um mundo melhor”.
Renata Sá – O Juruá em Tempo