Desde 29 de julho de 2025, a deputada federal licenciada Carla Zambelli (PL-SP) vive seu período mais delicado na vida política e pessoal. Detida no presídio de Rebibbia, em Roma, ela aguarda o processo de extradição em condições bem diferentes daquelas que imaginava ao buscar a cidadania italiana. A prisão, que inicialmente parecia temporária, tem se prolongado diante das negativas sucessivas da Justiça italiana aos pedidos de liberdade provisória ou de prisão domiciliar.
Zambelli divide uma cela na ala feminina de detenção provisória, onde já conviveu com diferentes detentas em esquema de rodízio. Embora haja certa rotina no local, com acesso a novelas e programas de entretenimento, sua defesa afirma que ela enfrenta dificuldades sérias de saúde. Portadora da síndrome de Ehlers-Danlos, condição genética que compromete a produção de colágeno, a deputada teria deixado de tomar a medicação necessária e chegou a desmaiar três vezes em apenas uma semana, segundo relatos de seus advogados.
Os magistrados italianos, no entanto, têm insistido em manter a prisão, apontando fortes indícios de risco de fuga. Entre os argumentos usados pela Corte de Apelação de Roma estão o fato de que Zambelli viajou legalmente para a Itália logo após a condenação no Brasil, a demonstração explícita de falta de confiança no Judiciário brasileiro e a circunstância de ter sido localizada escondida em Roma. Esses fatores, segundo a decisão, reforçam a necessidade de mantê-la atrás das grades enquanto o processo de extradição segue em andamento.
Um laudo médico encomendado pela Justiça avaliou o estado de saúde da deputada e confirmou transtornos de sono, crises de depressão e necessidade de acompanhamento psiquiátrico e neurológico. Mesmo assim, o documento concluiu que ela possui condições de permanecer no regime prisional normal, já que o sistema de Rebibbia dispõe de estrutura mínima para atendimentos.
A expectativa de Zambelli era contar com apoio da direita italiana e com a dupla cidadania para conseguir um tratamento diferenciado, mas essas esperanças não se concretizaram. No Brasil, a repercussão política de sua prisão também não ganhou a força que aliados imaginavam, e líderes do PL reconhecem que a situação da parlamentar se tornou mais complicada do que o previsto, sem grandes demonstrações de solidariedade de figuras políticas italianas até agora.
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