O que parecia apenas uma brincadeira entre amigas terminou se tornando um divisor de águas na vida de Charlotte Morjaria, de 31 anos, moradora de Newport, no País de Gales. Durante uma viagem com duas amigas a um resort à beira-mar na Inglaterra, ela sofreu uma pequena lesão ao ser levantada por um homem em meio a uma brincadeira de “pega-pega”. O que seria um ferimento banal acabou revelando um problema de saúde grave.
Charlotte ouviu um “estalo” no corpo durante a brincadeira, mas seguiu se divertindo. No dia seguinte, já em casa, decidiu procurar o hospital imaginando ter fraturado ou machucado uma costela. “Provavelmente bebemos um pouco demais, mas estávamos nos divertindo antes do desastre, ou do milagre, acontecer”, contou ela à BBC Wales.
Ao realizar exames, os médicos informaram que suas costelas estavam intactas. No entanto, encontraram algo muito mais preocupante: um tumor de cerca de 6 centímetros em um dos rins. “Aquele momento foi o mais apavorante da minha vida”, relembrou Charlotte, que quase desistiu de esperar o atendimento após 22 horas na emergência. Convencida pela mãe e uma amiga a permanecer, recebeu o diagnóstico que mudaria tudo.
Encaminhada ao Royal Gwent Hospital, Charlotte foi diagnosticada com um tipo incomum de câncer renal, o carcinoma de células renais TFE3, em estágio inicial. “Meu médico disse que só tinha ouvido falar de um caso antes”, relatou. Em agosto, um dia antes de completar 31 anos, ela foi submetida a uma cirurgia para a retirada total do rim afetado.
Um mês depois, veio a boa notícia: estava livre do câncer. Ainda assim, Charlotte segue em acompanhamento rigoroso, com exames semestrais. “Estou curada, mas não livre. A cada seis meses, o medo volta”, disse. Segundo os médicos, a detecção precoce foi essencial para evitar a disseminação da doença.
Charlotte contou que não havia notado sinais claros antes da descoberta. “Tinha as dores normais de quem corre atrás de um filho pequeno”, explicou. Ela é mãe de Sebastian, de dois anos, e acredita que a rotina agitada e o uso de medicamentos para depressão mascararam possíveis sintomas, como fadiga ou perda de peso.
Após o susto, Charlotte passou a compartilhar sua história nas redes sociais para incentivar outras pessoas a prestarem atenção em seus corpos. “Se alguém tiver dúvidas sobre sintomas, pode falar comigo”, escreveu em uma postagem. Ela quer que seu caso sirva de alerta. “Um fim de semana de diversão salvou minha vida”.
Hoje, Charlotte tenta equilibrar o trauma com a gratidão pela descoberta precoce. Mesmo sem ter perdido os cabelos ou passado por quimioterapia, afirma que o processo “deixou marcas emocionais profundas”. Ao relembrar o episódio, resume com uma frase que mistura humor e emoção: “Um fim de semana de férias acabou sendo o milagre que eu nunca imaginei viver”.

