A Embraer anunciou nesta terça-feira que atingiu um recorde de encomendas neste terceiro trimestre, com uma carteira de pedidos em US$ 31,3 bilhões. Na aviação comercial, o volume chegou a US$ 15,2 bilhões, uma alta de 37% em relação ao mesmo período de 2024 e o maior patamar em nove anos.
A fabricante de aeronaves fechou parcerias com novas companhias e o E195-E2 passará a integrar as frotas da Avelo Airlines (com até 100 aeronaves) e da Latam. O foco da Avelo é o mercado americano e o negócio pode chegar a US$ 8,8 bilhões. As entregas têm início previsto para o primeiro semestre de 2027 e o valor dos 50 primeiros jatos encomendados é de US$ 4,4 bilhões.
Já a Latam quer expandir a conectividade, com mais voos regionais na América do Sul. A companhia vai adquirir até 74 aeronaves do modelo E195-E2. O pedido é um dos raros contratos da Embraer com uma companhia aérea nacional nos últimos anos e ocorre em meio aos atrasos nas entregas de aviões das gigantes Boeing e Airbus. No Brasil, apenas a Azul opera jatos da Embraer. O valor do negócio é de US$ 2,1 bilhões.
Mas o segmento no qual a Embraer obteve maior expansão foi o de aviação executiva, com uma carteira de pedidos de US$ 7,3 bilhões, um aumento de 65% na comparação anual. A Embraer entregou seu jato de número 2.000 neste setor.
Na área de defesa, a Embraer entregou mais um KC-390 Millennium à Força Aérea Portuguesa e vendeu cinco unidades do A-29 Super Tucano para Panamá e SNC — movimento que pode abrir as portas para novas encomendas por meio do programa das Forças Armadas dos EUA de compras de empresas estrangeiras.
Momento de colheita
Analistas avaliam que a Embraer vive um momento de “colheita” após anos de investimento em pesquisa, desenvolvimento e lançamento de novos produtos. Para os analistas do Itaú BBA, por exemplo, o cenário para a fabricante de aviões é de crescimento sustentável no longo prazo.
“A administração da empresa sinaliza que ela está se preparando para o futuro, aprimorando as capacidades para introduzir novos produtos no mercado, incluindo um possível concorrente para o A320 (da Airbus). No curto e médio prazo, o foco em novos projetos deve permanecer na Eve, subsidiária de aeronaves elétricas”, escreveram os analistas do Itáu BBA.
Eles avaliam que a atual carteira de pedidos da companhia traz confiança para estimar crescimento de receitas até 2030. Esse cenário tem se refletido na Bolsa: as ações da Embraer se valorizam 41,78% no ano e sobem 63% em 12 meses.
Pacote de negócios
A Embraer continua negociando com o governo americano a redução da tarifa de 10% imposta pelo presidente Donald Trump sobre seus produtos exportados aos EUA. Para isso, a Embraer sinaliza com um pacote de negócios com empresas americanas, que pode chegar a US$ 21 bilhões até 2030, além de investimentos que somam US$ 1 bilhão nos EUA. A empresa escapou da alíquota de 50%.
A fabricante de aviões brasileira anunciou a intenção de colocar até US$ 500 milhões para produzir o avião militar multimissão KC-390 nos Estados Unidos. Mas isso depende de a Força Aérea americana escolher a aeronave para substituir o Hércules. Caso o acordo seja fechado, o investimento geraria cerca de 2.500 empregos no país.
A Embraer também mira a modernização de sua fábrica da Flórida, com mais US$ 500 milhões nos próximos cinco anos, onde são fabricados os jatos executivos Phenom e Praetor. Os EUA compram 70% da produção de jatos executivos da empresa.
Este mês, a companhia iniciou a construção de sua nova unidade de Manutenção, Reparo e Revisão (MRO) dedicada a jatos comerciais no Aeroporto Perot Field Alliance, em Fort Worth, no Texas. O investimento é de US$ 70 milhões e o novo hangar tem inauguração prevista para 2027.
A capacidade da Embraer de atender os clientes de E-Jets nos Estados Unidos crescerá 53% após a conclusão da expansão. A expectativa é de gerar aproximadamente 250 novos empregos. A parea de prestação de serviços da empresa vem crescendo e ganhando contratos — o que engorda a receita da companhia.
A Embraer também mira novos mercados para sua divisão de defesa. Nesta terça, a Embraer anunciou a assintura de um acordo com a Administração do Programa de Aquisição de Defesa (DAPA) da Coreia do Sul para fortalecer a cooperação em novos negócios e no desenvolvimento de oportunidades de mercado no setor de defesa sul-coreano. Em 2023, a Coreia do Sul selecionou o KC-390 para sua Força Aérea.
Na semana passada, a fabricante de aviões anunciou que vai ter um escritório da subsidiária de defesa e segurança em Nova Delhi, capital da Índia, após firmar contrato com o grupo indiano Mahindra. A empresa tenta captar um contrato militar com o governo indiano, também com foco no cargueiro KC-390. O sucesso no exterior do Embraer KC-390 pode dobrar produção desse modelo até 2030, e impulsionar ainda mais o faturamento da companhia.
Também semana passada, o BNDES aprovou um financiamento de R$ 1,7 bilhão para a fabricante brasileira exportar 13 aeronaves E-175, com capacidade de até 88 passageiros, à americana SkyWest Airlines.

