Um estudo realizado no Vale do Juruá, no Acre, identificou que variedades tradicionais de feijão cultivadas por agricultores familiares apresentam níveis elevados de proteínas e antioxidantes naturais, com potencial para valorização no mercado. A pesquisa integra a tese da professora Guiomar Almeida Sousa, do Instituto Federal do Acre (Ifac), orientada por Amauri Siviero, da Embrapa Acre.
Os resultados sobre os sistemas agrícolas tradicionais do Acre serão apresentados durante o evento Agrizone, na COP30/Foto: Foto: Globo Repórter/ Reprodução
De acordo com o levantamento, as variedades Costela de Vaca e Manteiguinha Branco alcançaram até 27% de proteína, índice superior à média nacional e mundial. Os feijões também apresentaram altos níveis de antocianinas, antioxidantes naturais, variando de 420 a 962 microgramas por grama, valor acima do registrado em variedades brancas e coloridas.
O estudo apontou ainda que os grãos mantêm a conservação por até 12 meses, reforçando o potencial de armazenamento e a qualidade das sementes tradicionais. Segundo os pesquisadores, os cultivos do Vale do Juruá se desenvolvem em sistemas agrícolas tradicionais, adaptados ao clima e à biodiversidade local. A região concentra a maior diversidade de feijões do estado, com registro de 23 variedades no município de Marechal Thaumaturgo.
Os autores destacam que o conhecimento sobre a composição nutricional e a conservação genética das variedades pode contribuir para agregar valor ao produto, gerar renda para pequenos produtores e incentivar a criação de selos de Indicação Geográfica e de produção orgânica.
Os resultados sobre os sistemas agrícolas tradicionais do Acre serão apresentados durante o evento Agrizone, na COP30, em Belém (PA), como exemplo de patrimônio cultural e genético da Amazônia.

