O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, cobrou, nesta quarta-feira, ajuda do governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro (PL), no combate às fraudes e ao contrabando de combustíveis, que, segundo ele, “irrigam o crime organizado” e sustentam financeiramente as milícias.
A cobrança ocorre um dia após a operação policial mais letal da história do Rio, que deixou mais de 100 mortos, incluindo quatro agentes de segurança, nos complexos do Alemão e da Penha, na Zona Norte da capital. A ação, que visava a prisão de integrantes do Comando Vermelho (CV), transformou a cidade em um cenário de guerra, com drones lançando explosivos, ônibus incendiados e o bloqueio de mais de 200 linhas em toda a Região Metropolitana.
Em meio à crise de segurança no estado, Haddad defendeu que o combate ao crime vá além das incursões armadas e deve atingir as estruturas financeiras que alimentam as organizações criminosas.
— Estamos atuando forte no Rio de Janeiro contra o crime organizado, na minha opinião da maneira mais eficaz, que é a questão dos combustíveis. Eu penso que o governador (Cláudio Castro) deveria acordar para esse problema que é crônico no Rio de Janeiro e nos ajudar, ajudar aqui a Receita Federal a combater o andar de cima. O governo do estado do Rio não tem feito praticamente nada em relação ao trabalho de combustível, que é como você irriga o crime organizado — afirmou o ministro.
Haddad citou ações recentes da Receita Federal, que resultaram na apreensão de quatro navios usados em esquemas fraudulentos, e mencionou uma “guerra jurídica” em torno da liberação das cargas. As declarações fazem referência a operações como “Carbono Oculto” e “Cadeia de Carbono”, que investigam o envolvimento de facções criminosas e milícias no setor de combustíveis.
Diante do agravamento da crise no Rio, Haddad reforçou a importância da PEC da Segurança Pública, que propõe maior integração entre União, estados e órgãos de fiscalização e investigação — como Receita Federal, Polícia Federal e Ministérios Públicos — no enfrentamento do crime organizado.
— Por isso que é tão importante a PEC da Segurança Pública. Ela impõe a todos, governadores, presidente da República, Receita, PF, Ministério Público Estadual e Federal, uma integração. Assim nós vamos conseguir combater o crime organizado — afirmou.
Para o ministro, apenas o estrangulamento financeiro das organizações criminosas pode reduzir o poder das facções e das milícias:
— Tem que controlar pelo alto, asfixiar o crime. Eles sem dinheiro têm pouca capacidade de atuação.

