A Rússia afirmou nesta quinta-feira que as novas sanções impostas pelos Estados Unidos à sua indústria petrolífera colocam em risco os esforços diplomáticos para encerrar a guerra na Ucrânia. Para o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, a decisão de Washington envia uma “mensagem forte” ao seu homólogo russo, Vladimir Putin, para que acabe com a guerra. O Kremlin acrescentou, no entanto, que o país está imune a essas medidas.
O presidente dos EUA, Donald Trump, anunciou na quarta-feira as sanções contra as companhias petrolíferas russas Rosneft e Lukoil, que juntas respondem por mais de 5% da produção global de petróleo, após lamentar que as conversas com Putin para pôr fim ao conflito na Ucrânia não estejam avançando. O republicano vinha resistindo há meses à imposição de restrições contra Moscou, mas sua paciência esgotou depois do fracasso de uma cúpula prevista com Putin em Budapeste.
“É uma mensagem forte e necessária de que a agressão não ficará sem resposta”, escreveu Zelensky no X.
Ao revelar as sanções ao petróleo, Scott Bessent, o secretário do Tesouro dos EUA, deixou claro que Washington estava mirando a capacidade da Rússia de financiar o que se tornou a maior guerra terrestre da Europa desde a Segunda Guerra Mundial e estava pronto para tomar novas medidas.
“Dada a recusa do Presidente Putin em pôr fim a esta guerra sem sentido, o Tesouro está sancionando as duas maiores empresas petrolíferas da Rússia, que financiam a máquina de guerra do Kremlin”, disse Bessent em um comunicado, que a agência Reuters teve acesso. “Incentivamos nossos aliados a se juntarem a nós e aderirem a essas sanções.”
As sanções dos EUA incluem o congelamento de todos os ativos da Rosneft e da Lukoil nos Estados Unidos, assim como a proibição de todas as empresas americanas de fazer negócios com essas duas gigantes petroleiras russas.
— Consideramos este passo exclusivamente contraproducente — afirmou Maria Zakharova, porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da Rússia, durante seu briefing semanal. — Nosso país desenvolveu uma forte imunidade às restrições ocidentais e continuará a desenvolver com confiança seu potencial econômico, incluindo o energético.
Europa também pressionou
A União Europeia (UE) também anunciou uma nova rodada de sanções para aumentar a pressão sobre Moscou e tentar encerrar a ofensiva militar, que já dura mais de três anos no país vizinho. As restrições europeias têm como alvo a frota fantasma de petroleiros usada pela Rússia para escapar das sanções ocidentais. A China, por sua vez, declarou que “se opõe” às sanções americanas.
A UE concordará, em princípio, nesta quinta-feira em fornecer à Ucrânia o financiamento necessário para os próximos dois anos, disse o chefe do Conselho do bloco, Antonio Costa. Ao chegar a cúpula de líderes da UE em Bruxelas, o primeiro-ministro belga, Bart De Wever, apresentou três demandas para o uso de ativos russos imobilizados para fornecer um empréstimo de 140 bilhões de euros (cerca de R$ 800 bilhões) à Ucrânia.
— Tomaremos a decisão política de garantir as necessidades financeiras da Ucrânia para 2026 e 2027, inclusive para a aquisição de equipamento militar — afirmou Costa.
Segundo o secretário-geral da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), Mark Rutte, a maior pressão coletiva sobre Moscou poderia “mudar os cálculos de Putin” e “levá-lo à mesa de negociações” com vistas a um cessar-fogo.
— Estou absolutamente convencido disso, talvez não hoje ou amanhã, mas conseguiremos — afirmou Rutte durante sua visita à Casa Branca.
Mas, até agora, os esforços de Trump para encerrar o conflito — que ele mesmo afirmou que acabaria rapidamente — ainda não produziram resultados. As sanções, porém, marcam uma reviravolta da política do republicano em relação à guerra.

