Ícone do site O Juruá Em Tempo

Casa Branca rejeita oferta de Maduro de renunciar em dois anos, diz NYT

A Casa Branca rejeitou uma oferta do presidente venezuelano, Nicolás Maduro, para renunciar após um período de dois a três anos, como parte de negociações informais para buscar uma saída diplomática para a crise na região. A proposta, revelada pelo jornal americano The New York Times na terça-feira, indica que Maduro está disposto a negociar uma transição gradual em troca de garantias e até de ampliar o acesso de empresas americanas às reservas de petróleo da Venezuela.

Nas últimas semanas, Trump autorizou a CIA a realizar operações secretas dentro da Venezuela para preparar um “campo de batalha para ações futuras”, sem envolvimento direto de tropas dos EUA. As opções avaliadas incluem operações cibernéticas, ações psicológicas e sabotagens pontuais — mas não ofensivas terrestres.

Paralelamente, o governo ampliou a maior mobilização militar no Caribe desde a Crise dos Mísseis de 1962. A chamada Operação Lança do Sul mantém na região o porta-aviões Gerald R. Ford, navios de guerra e cerca de 15 mil militares. Desde agosto, os EUA já realizaram 21 ataques contra embarcações suspeitas de tráfico de drogas, que resultaram em mais de 80 mortos.

De acordo com o NYT, emissários venezuelanos disseram a autoridades dos EUA que Maduro poderia deixar o cargo após uma transição de dois a três anos. A Casa Branca, porém, rejeitou a ideia, defendendo que qualquer saída de Maduro deve ocorrer sem adiamentos.

Autoridades americanas confirmaram que a CIA identificou instalações vinculadas ao tráfico de drogas na Venezuela que poderiam ser alvo de futuras investigações ou operações. Não está claro quais seriam as ações secretas ou quando elas seriam realizadas. E Trump, de fato, ainda não autorizou o envio de militares para o território venezuelano.

Os estrategistas militares prepararam listas de possíveis instalações de produção de drogas que poderiam ser atacadas. O Pentágono também está planejando ataques contra unidades militares próximas a Maduro. Na semana passada, por exemplo, Trump realizou duas reuniões na Sala de Crise da Casa Branca para discutir sobre Venezuela e analisar opções com seus principais assessores.

Na semana passada, Trump admitiu publicamente, no avião presidencial, que estaria disposto a conversar com Maduro e, anteriormente, garantiu que já havia tomado uma decisão sobre a Venezuela, mas não quis revelar detalhes.

Solução diplomática?

Apesar do aparente impasse, as negociações paralelas mostram que uma solução diplomática ainda é possível. Pessoas a par das discussões informais dizem que não está claro qual resultado o presidente americano prefere. Trump poderia concordar com um acordo diplomático para que empresas americanas tivessem maior acesso aos recursos petrolíferos da Venezuela, poderia pressionar por uma resolução que permita a Maduro renunciar voluntariamente ao poder ou poderia exigir que os Estados Unidos removam o ditador venezuelano à força.

Mesmo com o desfecho incerto, a Casa Branca definiu uma estratégia de intensificar a pressão sobre Maduro, ao mesmo tempo que oferece a Trump opções sobre como ele poderá concluir a campanha contra a Venezuela.

O Departamento de Estado anunciou que, a partir de 24 de novembro, designará o Cartel de los Soles como uma organização terrorista. Embora o cartel não seja tradicional, trata-se de uma forma que o governo Trump encontrou para rotular uma ampla parcela do governo Maduro como organização terrorista, potencialmente abrindo caminho para uma ação militar, mas também pressionando o governo.

Na última segunda-feira, Trump afirmou que não descartava o envio de tropas terrestres para a Venezuela e não descartou a possibilidade de negociações diretas com Maduro.

— Não descarto nada — afirmou o presidente. — Só precisamos cuidar da Venezuela.

Sair da versão mobile