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Como Data Fifa impactou Flamengo e Palmeiras?

É comum terminarmos jogos de futebol nos fazendo perguntas. E se aquela bola não entrasse? E se aquele jogador não se lesionasse? Não são raras as partidas em que basta um lance ter desfecho diferente para que todo o curso dos acontecimentos se altere.

Mas o Brasil é capaz de deturpar até algo que é da natureza do futebol. Ao final do sábado, fazíamos um monte de perguntas. Mas, quase todas, tinham como pano de fundo o pior dos motivos: a mais indesejável interferência sofrida pelo maior campeonato do país.

O Flamengo faria um primeiro tempo tão ruim contra o Sport se tivesse Danilo, Alex Sandro, Arrascaeta, Plata e Carrascal? Precisaria de duas expulsões do time pernambucano para destravar o jogo? E se tivesse Gomez, Piquerez, Sosa e Vitor Roque, o Palmeiras perderia para o Santos? E se pudesse contar com Flaco López desde o início?

Já houve outros momentos do Campeonato Brasileiro em que Palmeiras e Flamengo alternaram suas posições, na espetacular corrida ponto a ponto em que transformaram a competição. E é saudável que as alternâncias ocorram, sempre que provocadas por oscilações de desempenho, atuações melhores de um lado ou de outro, ou até surpresas provocadas por acidentes de percurso. O ruim é quando uma reviravolta acontece em meio a jogos disputados por times desfigurados por uma imperfeição tipicamente brasileira: os jogos na data Fifa, resultado de um calendário superlotado — algo que a CBF deverá amenizar em 2026, com a redução dos Estaduais.

Ao todo, Flamengo e Palmeiras não tiveram 13 jogadores. Na quarta-feira, alguns estarão em campo, uns extenuados após terem atuado por seus países na noite de terça, e todos trazidos de volta ao Brasil em operações de resgate que incluem voos fretados e milhões em custos. Este, aliás, é um problema que o calendário de 2026 ainda não vai solucionar.

Não é possível cravar que o Palmeiras teria ganhado do Santos se estivesse completo, ou que o Flamengo só ultrapassou o rival por causa dos desfalques alviverdes. O caso é que faz muito mal ao Brasileirão, já tão massacrado pelas controvérsias que seus próprios atores fazem questão de alimentar, ver jogos tão cruciais contaminados por convocações previstas há anos no calendário da Fifa. Porque temas que nem deveriam estar na mesa ganham os debates: quem foi mais prejudicado? Quem tinha o rival mais difícil na rodada jogada na data Fifa? Quais jogadores convocados fazem mais falta? Os atuais candidatos ao título brasileiro são times tão bons que o foco deveria estar no desempenho deles, e nunca na formulação de metaversos, na imaginação de um mundo ideal que ainda não realizamos.

Restam cinco rodadas, e agora a vantagem é do Flamengo, que somou seis pontos a mais do que o Palmeiras na última semana. Sinal de uma tendência? Não, sinal do quanto é equilibrada a disputa entre dois belos times. E, aliás, se havia um momento em que os tropeços do Palmeiras eram mais previsíveis, era justamente as duas últimas rodadas, quando visitou Mirassol e o aflito Santos. Dos cinco jogos que o Flamengo ainda fará, ao menos três são muito desafiadores: o Fla-Flu e as visitas a Atlético-MG e Mirassol.

Ocorre que nada é capaz de influenciar tanto os dois times, seja pelo aspecto técnico, físico ou mental, do que a final da Libertadores do dia 29. Após este jogo, que povoa a mente das duas torcidas há semanas, ainda haverá duas rodadas de Brasileiro para definir a disputa nacional. Quem estará mais cansado, mais abalado ou mais motivado? Mesmo sob ataque permanente, o Brasileirão resiste. E a edição de 2025 será lembrada pelos dois grandes protagonistas.

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