O nitazeno, uma droga 500 vezes mais forte do que a heroína e dez vezes pior do que o fentanil, vem sendo utilizado ilegalmente em cigarros eletrônicos, comprimidos e em forma de pó na Austrália, onde ao menos 32 pessoas morreram por overdose entre 2020 e 2024.
O que aconteceu
Desenvolvido como analgésico na década de 1950, o nitazeno nunca foi aprovado para uso clínico. A droga foi associada a milhares de mortes por overdose nos Estados Unidos e a dezenas no Reino Unido. Agora, a droga começa a se popularizar na Austrália, onde foi detectada pela primeira vez em 2020.
O perigo da droga é que ela vem sendo misturada a outras substâncias ilícitas. Ela é vendida clandestinamente em cigarros eletrônicos como se contivessem maconha, em comprimidos em forma de ursinho de pelúcia supostamente contendo MDMA, em pó traficado como cocaína e heroína e em medicamentos falsificados para dor, informa reportagem do diário britânico The Guardian.
Uma pequena quantidade da droga é suficiente para matar. Se contaminadas com nitazenos, apenas seis tragadas de um cigarro eletrônico, um comprimido vendido como MDMA ou uma única carreira de cocaína podem ser suficientes para matar.
Essa mistura torna o consumo de drogas uma “roleta russa”, segundo a polícia federal australiana. O órgão já fez mais de 60 apreensões da droga, principalmente em remessas enviadas pelo correio.
Entre 2020 e 2024, o nitazeno foi responsável por 32 mortes por overdose na Austrália. Cerca de 84% dos pacientes desconheciam a presença do opioide sintético na droga que haviam comprado para consumir. Em 2022, um homem morreu após injetar a droga acreditando se tratar de heroína.
O nitazeno foi encontrado em amostras de seringas descartadas, sacos plásticos e lixeiras públicas. As descobertas fizeram parte de um estudo realizado pela Universidade da Austrália do Sul. “Os nitazenos estão entre os opioides sintéticos mais potentes em circulação atualmente”, afirmou o pesquisador Cobus Gerber.
Essas substâncias podem ser letais em quantidades mínimas e são frequentemente misturadas com outras drogas, o que as torna incrivelmente difíceis de detectar e monitorar por meios tradicionais.
Cobus Gerber, pesquisador, ao The Guardian

