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É melhor fazer uma caminhada longa ou várias curtas? Veja o que dizem especialistas

Um novo estudo sugere que fazer caminhadas mais longas pode trazer mais benefícios à saúde do que dar o mesmo número de passos diários em várias caminhadas curtas.

Centenas de estudos demonstraram que contagens mais altas de passos estão associadas a menor risco de demência, diabetes tipo 2 e outros problemas de saúde. Mas a melhor maneira de dar esses passos é menos clara. A nova análise, publicada segunda-feira (27) nos Annals of Internal Medicine, é uma das primeiras a estudar se distribuir os passos ou consolidá-los estava associado a melhores resultados de saúde.

A análise examinou pessoas que davam menos de 8.000 passos por dia; a maioria dos participantes dava menos de 5.000.

Aqueles que regularmente caminhavam por mais de 15 minutos tinham 80% menos probabilidade de morrer por qualquer causa e quase 70% menos probabilidade de desenvolver doenças cardiovasculares durante um período de aproximadamente 10 anos, em comparação com aqueles que davam a maioria de seus passos em caminhadas de cinco minutos ou menos. (A idade média dos participantes era de 62 anos, então o risco de morte já era relativamente baixo: cerca de 4% no grupo de caminhadas mais curtas e menos de 1% no grupo de caminhadas mais longas.)

Esses dados mostram apenas uma correlação; não provam que fazer caminhadas mais longas é mais saudável do que distribuir seus passos ao longo do dia. Mas algumas evidências sugerem que seu corpo precisa de mais tempo e continuidade para aproveitar plenamente os benefícios do exercício para a saúde, como melhor regulação da frequência cardíaca, afirma Robert Gerszten, chefe de medicina cardiovascular do Beth Israel Deaconess Medical Center, que não participou do estudo.

“Não estamos dizendo que períodos mais curtos não funcionam”, diz Borja del Pozo Cruz, epidemiologista da Universidade Europeia de Madri que liderou o estudo. “Mas parece que é muito melhor acumular passos em períodos mais longos”, acrescenta.

Os pesquisadores acompanharam 34 mil pessoas no Reino Unido durante cerca de uma semana, usando acelerômetros para medir os passos e classificando os participantes em vários grupos com base em seus padrões de caminhada. Os pesquisadores analisaram os dados de modo que as contagens totais de passos fossem semelhantes em todos os grupos. Os passos foram contados em qualquer tipo de caminhada; aqueles que faziam caminhadas de 15 minutos poderiam estar passeando pelo parque, enquanto aqueles com períodos mais curtos poderiam estar fazendo trabalhos domésticos leves.

Depois de considerar fatores gerais de saúde e estilo de vida, os pesquisadores descobriram que pessoas que davam a maioria de seus passos em caminhadas mais curtas tinham maior risco de desenvolver doenças cardiovasculares e morrer por qualquer causa nos próximos 10 anos, em comparação com aqueles que faziam caminhadas mais contínuas. A queda foi especialmente acentuada em pessoas sedentárias, ou aquelas que davam menos de 5.000 passos por dia, diz del Pozo Cruz.

O estudo não é a palavra final sobre a melhor maneira de caminhar. Os pesquisadores consideraram como as pessoas avaliavam sua própria saúde, mas é possível que pessoas que faziam caminhadas mais contínuas já fossem mais saudáveis inicialmente, diz Rishi Wadhera, professor associado de política e gestão de saúde na Escola de Saúde Pública Harvard T.H. Chan, que não participou deste estudo.

O estudo também não considerou a estrutura dos bairros para a caminhada ou qualquer treinamento de força dos participantes. E os padrões de passos foram baseados em um registro de uma semana, o que pode não refletir os hábitos diários de alguém, acrescenta Wadhera.

Ainda assim, os especialistas afirmam que você deve tentar caminhar um pouco mais a cada vez, se puder. Tente descer do ônibus uma parada antes, estacionar seu carro um pouco mais longe do escritório ou colocar o papo em dia com amigos durante uma caminhada.

“Algum é melhor que nenhum, mais é melhor que algum”, afirma Hannah Arem, epidemiologista do Instituto de Pesquisa em Saúde MedStar em Washington.

“Trata-se de um aumento gradual ao longo do tempo e tentar encontrar esses períodos mais longos para ter mais benefícios à saúde”, diz Arem.

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