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Euforia e frustração: Haiti volta à Copa após mais de 50 anos, mas torcedores são proibidos de viajar aos EUA

A classificação histórica do Haiti para a Copa do Mundo masculina — a primeira desde 1974 — foi recebida com festa no país caribenho, mas parte da comemoração deu lugar à frustração: as restrições de viagem impostas pelo governo dos Estados Unidos devem impedir que muitos torcedores haitianos acompanhem a seleção em solo americano no próximo verão.

Em junho, o presidente dos EUA, Donald Trump, assinou uma ordem executiva proibindo a entrada de cidadãos de 12 países, incluindo haitianos, tanto imigrantes quanto não imigrantes. A medida, segundo o governo, tem como objetivo “proteger a segurança nacional e os interesses dos Estados Unidos”.

O documento afirma que o Haiti foi incluído na lista devido às altas taxas de permanência ilegal registradas pelo Departamento de Segurança Interna em 2023: 31,38% entre visitantes com visto B-1 ou B-2 e 25,05% entre estudantes e intercambistas. O texto também cita a falta de uma “autoridade policial centralizada” no país e o impacto migratório de haitianos que teriam entrado ilegalmente nos EUA nos últimos anos.

O Haiti enfrenta ainda uma grave crise interna: após o assassinato do presidente Jovenel Moïse, em 2021, gangues passaram a controlar 90% de Porto Príncipe, segundo a ONU. A seleção precisou disputar suas partidas “em casa” fora do país nas Eliminatórias da Concacaf, incluindo a vitória por 2 a 0 sobre a Nicarágua, em Curaçao.

A ordem executiva prevê uma isenção apenas para atletas, incluindo treinadores e membros de staff em competições globais como a Copa do Mundo e as Olimpíadas. Torcedores, porém, não estão contemplados.

Questionados pelo The Athletic sobre possíveis negociações para permitir a entrada de fãs haitianos, a embaixada do Haiti em Washington, a FIFA e o Departamento de Estado não responderam até a publicação da reportagem.

Um porta-voz do Departamento de Estado confirmou que a exceção para atletas não se estende a espectadores, embora todos os portadores de ingressos possam agendar entrevistas para tentar um visto.

Ele ressaltou, porém, que os solicitantes deverão demonstrar intenção de seguir as leis americanas e deixar o país ao final do torneio.

— A segurança dos Estados Unidos e a proteção de nossas fronteiras SEMPRE virão em primeiro lugar.

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