A morte de Jimmy Cliff, anunciada pela família nesta segunda-feira, reacendeu a curiosidade mundial sobre a vida pessoal do ícone jamaicano — e, entre os nomes ligados ao artista, um chamou a atenção no Brasil: Nabiyah Be, sua filha atriz e cantora, nascida e criada em Salvador.
Aos 30 anos, Nabiyah já ocupa o seu próprio espaço no cenário internacional. Filha de mãe brasileira e de um dos maiores nomes da música jamaicana, ela cresceu entre turnês mundiais, trilhas sonoras históricas e a efervescência cultural da Bahia. E foi justamente no teatro e na música que encontrou a sua identidade artística — uma trajetória que hoje ganha novo significado com a morte do pai.
/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_da025474c0c44edd99332dddb09cabe8/internal_photos/bs/2025/t/P/EXxAwISE2jcSr0zi80fg/fastdl.net-539921856-18522156439011194-1720173564153543618-n.jpg)
A relação de Nabiyah com o palco começou cedo. Ela tinha 5 anos quando subiu pela primeira vez a um tablado e, aos 7, já acompanhava Jimmy Cliff em turnês ao redor do mundo.
Durante um show, ainda criança, correu para o palco e não quis sair. Acabou ganhando o direito de cantar uma faixa inteira: “Me abraça e me beija”, de Lazzo Matumbi. Desde então, seu nome passou a aparecer nos shows do pai, dividindo versos entre inglês e português. Também cantou com Margareth Menezes ainda pequena — e mais de 20 anos depois, as duas se reencontraram no estúdio para gravar “Querera”, do álbum Autêntica.
Embora tenha crescido entre ônibus de turnê, Nabiyah sempre destaca que sua adolescência em Salvador foi “bem baiana”, marcada pela convivência, pela troca cultural e pelo contato direto com a música local. Fez teatro aos 11 anos e nunca mais parou.
Aos 18, mudou-se para os EUA para estudar em Nova York. Lá, mergulhou no circuito off-Broadway, no teatro imersivo, em grandes musicais e em bares de música brasileira.
— No teatro, percebi que podia chorar sem ninguém saber por quê. Era libertador.
Atriz de Hollywood — de Pantera Negra à Amazon
Em 2018, Nabiyah estreou no cinema com impacto: interpretou Linda, vilã de Pantera Negra, o primeiro blockbuster da Marvel protagonizado por um super-herói negro. Depois, ganhou ainda mais projeção como Simone Jackson, na série do Prime Video Daisy Jones & The Six, baseada no best-seller de Taylor Jenkins Reid.
Na trama, Simone é a melhor amiga da protagonista, pioneira da disco music e uma figura que simboliza resistência, identidade e reinvenção — temas que ecoam na história pessoal de Nabiyah.
A artista cresceu entre múltiplas influências: é filha de pai jamaicano e mãe paulista, foi batizada como muçulmana e viveu sua infância em uma comunidade ayahuasca.
— Demorei a entender quem eu era. Hoje honro cada parte da minha história.
Seu nome, de origem árabe, significa “a inteligência da profeta feminina” — um símbolo que ela carrega com orgulho.