Há cinco anos, um pai do interior do Acre vive uma batalha por justiça. Desde 2020, ele tenta provar que o filho, morto em um suposto confronto com policiais, não era criminoso — mas vítima de uma execução. A história, marcada pela dor e pela resistência, expõe a luta de uma família que se recusa a deixar o caso cair no esquecimento.
O episódio ocorreu em Brasiléia, município acreano que, segundo levantamento da Confederação Nacional do Comércio (CNC) e dados divulgados pelo Domingo Espetacular, exibido pela Record TV, figurou entre os mais violentos do estado nos últimos anos. Entre 2022 e 2024, a cidade liderou o ranking de mortes provocadas por armas de fogo.
As vítimas foram Vicente, de 19 anos, filho de uma professora local, e Álvaro, de 16, filho do capitão reformado do Exército Antônio Lúcio. Amigos e colegas de escola, os dois foram mortos na mesma noite e no mesmo local, em uma rua deserta de Brasiléia, em circunstâncias que até hoje levantam dúvidas.
Os agentes Oséas de Oliveira Lira e Cleonízio Marques Vilas Boas, integrantes do Grupo Especial de Fronteira (Gefron) — força policial responsável pela segurança nas divisas do estado —, foram apontados como os autores das mortes. O caso, no entanto, permanece sem conclusão definitiva, e as famílias seguem cobrando a reabertura das investigações e a responsabilização dos envolvidos.
Apesar de ter pouco mais de 30 mil habitantes e aparência pacata, Brasiléia vive os desafios típicos de uma região de fronteira. Separada da boliviana Cobija apenas por uma ponte sobre o rio Acre, a cidade é marcada pela presença de facções, tráfico e disputas armadas, que aumentam os índices de violência.
Para contar a história, a equipe da Record percorreu 3.500 quilômetros de avião até Rio Branco e mais 230 quilômetros por estrada, enfrentando um longo trecho de asfalto irregular até chegar ao município. Lá, encontrou uma comunidade marcada pelo medo e pela sensação de impunidade.
Enquanto a dor das perdas ainda ecoa, o pai de Álvaro segue sua caminhada em busca de respostas. Para ele, mais do que justiça, trata-se de resgatar a verdade e honrar a memória do filho, cuja morte, segundo acredita, não pode ser explicada apenas como “confronto”.
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