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Trump sugere possibilidade de diálogo com Maduro

O presidente dos EUA, Donald Trump, insinuou neste domingo um possível diálogo com o presidente venezuelano, Nicolás Maduro, em meio a um grande destacamento militar no Caribe e no Pacífico que aumentou as tensões com Caracas.

Desde o início da ofensiva americana, lançada em setembro com navios de guerra e oficialmente uma campanha de combate ao narcotráfico, a situação regional se deteriorou. Caracas alega que essas operações visam, na verdade, derrubar o presidente Maduro.

“Poderíamos ter algumas conversas com Maduro e ver o que acontece”, disse Trump a repórteres no Aeroporto Internacional de Palm Beach, na Flórida. “Eles gostariam de conversar. O que isso significa? Vocês me digam, eu não sei… Eu conversaria com qualquer um”, acrescentou o presidente dos EUA.

Washington ofereceu US$ 50 milhões pela captura de Maduro, acusando-o de liderar o suposto Cartel dos Sóis. Especialistas questionam a existência de tal organização e a descrevem, em vez disso, como um sistema de corrupção que beneficia o crime organizado.

Pouco antes do pronunciamento de Trump no domingo, o Secretário de Estado Marco Rubio anunciou que seu governo planeja designar o Cartel dos Sóis como uma organização terrorista estrangeira.

“O Cartel dos Sóis, juntamente com outras OTFs (organizações terroristas estrangeiras) designadas, incluindo o Tren de Aragua e o Cartel de Sinaloa, são responsáveis ​​por violência terrorista (…), bem como pelo tráfico de drogas para os Estados Unidos e a Europa”, disse Rubio em um comunicado. A designação entrará em vigor em 24 de novembro.

“Nem Maduro, nem seus comparsas representam o governo legítimo da Venezuela”, acrescentou o Secretário de Estado dos EUA.

Ele também afirmou que os Estados Unidos “continuarão a usar todas as ferramentas disponíveis para proteger nossos interesses de segurança nacional e negar financiamento e recursos a narcoterroristas”.

Em julho, o Departamento do Tesouro dos EUA anunciou sanções contra o Cartel dos Sóis, após designá-lo como Entidade Terrorista Global Especialmente Designada por supostamente fornecer “apoio material” a outros grupos criminosos na América Latina.

Ofensiva dos EUA deixa 83 mortos

Desde o seu destacamento militar no Caribe e no Pacífico, as forças americanas mataram pelo menos 83 pessoas acusadas de tráfico de drogas em águas internacionais, segundo uma contagem da AFP baseada em dados públicos.

Os Estados Unidos não apresentaram provas de que as pessoas alvejadas eram de fato traficantes de drogas, e a proximidade de navios de guerra e do porta-aviões USS Gerald Ford às águas venezuelanas aumentou as tensões.

No sábado, Maduro classificou o anúncio de Washington sobre novos exercícios militares conjuntos com Trinidad e Tobago como “irresponsável” e pediu a todos que “fizessem tudo pela paz”, enquanto cantava um trecho da música “Imagine”, de John Lennon.

“Viva a paz! Que canção linda… procurem a letra, é uma inspiração para todos os tempos, um hino para todas as eras e gerações que John Lennon deixou como um presente para a humanidade”, disse Maduro durante um evento público realizado no sábado em Caracas.

Trump, que autorizou operações clandestinas da CIA na Venezuela, deu indicações contraditórias sobre sua estratégia, embora tenha dito na sexta-feira que já havia “de certa forma” decidido seus próximos passos.

“Não posso dizer o que é, mas fizemos muitos progressos com a Venezuela em termos de conter o fluxo de drogas”, declarou.

Anteriormente, em entrevista à CBS News, o republicano afirmou que os dias de Maduro como presidente estavam contados, mas, ao mesmo tempo, descartou a ideia de guerra.

Os militares dos EUA confirmaram, no domingo, que o porta-aviões USS Gerald Ford está no Mar do Caribe para reforçar a campanha contra o narcotráfico.

Trump, que autorizou operações secretas da CIA na Venezuela, tem dado indicações contraditórias sobre sua estratégia. O anúncio foi feito um dia após o mais recente ataque aéreo dos EUA no Pacífico, que deixou três mortos, conforme o Comando Sul dos EUA, que opera na América Latina e no Caribe.

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