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Afluentes cheios e previsão de mais chuva agravam situação do Rio Acre

O tenente-coronel Cláudio Falcão, coordenador municipal da Defesa Civil de Rio Branco, conversou com a reportagem do ac24horas Play neste sábado, 27, e explicou o cenário de agravamento da cheia do Rio Acre, que atingiu a marca de 14 metros na capital acreana.

Segundo Falcão, a situação é crítica devido ao volume elevado de água nos principais afluentes do Rio Acre. “O Riozinho do Rola está praticamente no mesmo nível do Rio Acre, em torno de 14 metros. Ele despeja muita água no Rio Acre e, em cerca de três horas, já sentimos o impacto aqui. O Rio Xapuri e o Rio Espalha também estão completamente cheios. Todos os afluentes estão em situação de cheia”, afirmou.

O coordenador destacou ainda o cenário nos municípios do interior. Em Brasiléia, por exemplo, o nível do rio subiu cerca de cinco metros nas últimas 24 horas, com registro de aproximadamente 250 milímetros de chuva. “Não tem como segurar. O transbordamento é inevitável e o nível do Rio Acre em Rio Branco deve subir ainda mais”, alertou.

De acordo com Falcão, há previsão de chuvas tanto nas cabeceiras quanto na capital. Para este sábado, a previsão indica precipitações a partir das 11h, com possibilidade de se estenderem até as 16h, além de chuvas nos demais municípios da bacia. “Todos esses fatores agravam a situação hídrica e tendem a aumentar o número de vítimas afetadas pelo transbordamento do Rio Acre”, disse.

Sobre os impactos em Rio Branco, o coordenador informou que 15 bairros já foram atingidos. Na noite de sexta-feira, a Defesa Civil abriu um abrigo emergencial, onde dez famílias foram acolhidas, totalizando cerca de 40 pessoas. Além disso, outras famílias foram encaminhadas para casas de parentes ou deixaram suas residências por conta própria. “Somando desabrigados e desalojados, já ultrapassamos 30 famílias atingidas apenas pela enxurrada. Agora, infelizmente, começamos a registrar também os desabrigados em razão direta da elevação do Rio Acre”, explicou.

Falcão reforçou o alerta à população sobre os canais corretos para solicitar ajuda. Ele orientou que qualquer pessoa que necessite de remoção, apoio ou assistência ligue exclusivamente para o número 193, do Corpo de Bombeiros, que também é utilizado pela Defesa Civil Municipal. “Não adianta ligar para números particulares. Isso não acelera o atendimento e pode, inclusive, atrasar o socorro. Todas as ocorrências precisam ser registradas no CIOSP, que é o sistema responsável por organizar e encaminhar os atendimentos”, enfatizou.

O coordenador também destacou que, caso o socorro demore, a recomendação é ligar novamente para o 193, evitando acionar intermediários. “Cada família que precisar de ajuda deve fazer sua própria ligação. Não é possível uma única pessoa registrar várias ocorrências. Seguir esse fluxo é fundamental para que possamos prestar o socorro o mais rápido possível”, explicou.

Ao falar sobre o tempo de deslocamento das águas até a capital, Falcão detalhou que o Rio Acre recebe volumes constantes de diferentes regiões. “A água de Assis Brasil leva cerca de 72 horas para chegar a Rio Branco. De Brasiléia, em torno de 60 horas; de Xapuri, aproximadamente 36 horas; de Capixaba, cerca de 18 horas; e do Riozinho do Rola, apenas três horas. Ou seja, é água chegando o tempo todo”, disse.

 

Segundo ele, o cenário é ainda mais preocupante porque, quando a água de Assis Brasil chega à capital, o rio naquela região já volta a subir novamente. “Vamos enfrentar dias complicados. A previsão indica cerca de 150 milímetros de chuva em Rio Branco ao longo desta semana, além das chuvas nas bacias. Isso significa que o nível do Rio Acre tende a continuar em elevação”, concluiu.

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