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APP de mobilidade e entrega reduzem desigualdade de renda em 8%, aponta estudo

O estudo “Os impactos das plataformas de mobilidade no mercado de trabalho”, mostra que as plataformas digitais de intermediação do transporte de pessoas e de bens contribuíram para reduzir em 8% a desigualdade de renda no mercado de trabalho, beneficiando sobretudo trabalhadores com menor nível de escolaridade.

Segundo a consultoria, os aplicativos possibilitam o aumento da renda média de quem usa os apps como ocupação principal ou complementar, elevando seu poder de barganha na negociação com empregadores tradicionais.

 

Considerando os dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD Contínua/IBGE), o estudo da LCA Consultoria Econômica a pedido da Associação Brasileira de Mobilidade e Tecnologia (Amobitec), verificou que as plataformas reduzem a desigualdade de renda por escolaridade.

Os trabalhadores sem instrução ou com o ensino fundamental incompleto ganham R$ 1.941 por mês contra R$ 1.786,00 dos não plataformizados.

 

Aqueles com ensino fundamental completo ou médio incompleto também possuem uma renda mensal maior nas plataformas frente aos trabalhadores fora das plataformas, com ganhos de R$ 2.348 frente a R$ 2.019. Ou seja, ao aumentar a renda, as plataformas de mobilidade promovem a redução de desigualdades no mercado de trabalho, gerando oportunidades especialmente para quem tem nível de escolaridade até o superior incompleto.

Para estimar o grau de redução de desigualdade, o estudo utilizou o Índice de Theil, uma medida estatística da distribuição de renda. Considerando os grupos de trabalhadores divididos pela escolaridade e comparando cenários com e sem a existência das plataformas, a conclusão é que a desigualdade é 8% menor com os aplicativos do que no cenário hipotético sem eles.

 

Para a consultoria, a competição natural e velada que surge entre as plataformas e os setores tradicionais da economia geram maior poder de barganha aos trabalhadores, sobretudo em ocupações de baixa qualificação.

“Nesse cenário, a simples existência da opção oferecida pelas plataformas de mobilidade pode, ao mesmo tempo, melhorar as condições de remuneração e trabalho negociadas por um trabalhador com seu atual ou potencial empregador”, explica Eric Brasil, economista e diretor da LCA.

 

“Além do ganho na renda, é importante notar que as plataformas permitem ao motorista ou entregador flexibilidade e autonomia de horários, criando uma oportunidade para muitos profissionais complementarem renda. O impacto das plataformas no mercado de trabalho se traduz em aumento do nível de ocupação e redução das taxas de desemprego”, completa.

10 impactos dos apps no Brasil

Além da redução da desigualdade, o estudo realizou uma análise ampla dos impactos das plataformas de mobilidade no mercado de trabalho, utilizando como base diversos dados de pesquisas recentes realizadas sobre o setor. Foram consideradas as informações da PNAD Contínua, do Relatório de Política Monetária do Banco Central (setembro 2025), de pesquisa do Centro Brasileiro de Análise e Planejamento (Cebrap/2025) e do Instituto Datafolha (2025).

Em síntese, as análises demonstram 10 impactos das plataformas de mobilidade no Brasil.

  1. As plataformas aumentam a renda dos trabalhadores que usam as plataformas como ocupação principal, sobretudo para os trabalhadores de baixa qualificação;
  2. Proporcionam boa oportunidade de geração de renda complementar;
  3. Promovem bem-estar aos trabalhadores que valorizam flexibilidade e autonomia no horário de trabalho;
  4. Aumentam o poder de barganha dos trabalhadores, principalmente os de baixa qualificação;
  5. Reduzem a desigualdade de renda;
  6. Promovem geração de emprego nos negócios beneficiados pelas plataformas;
  7. Estimulam a criação e formalização de novos negócios;
  8. Aumentam a força de trabalho;
  9. Aumentam o nível de ocupação;
  10. Reduzem a taxa de desocupação.

Ganhos por região

De acordo com o estudo, os motoristas plataformizados no Brasil que usam os apps como ocupação principal ganham em média R$ 2.648 mensais, 11% a mais que os profissionais da mesma categoria que trabalham fora das plataformas. Esse ganho superior acontece em todas as regiões do Brasil.

Deve-se observar que os dados da PNAD Contínua analisados consideram apenas quem usa apps como trabalho principal, o que representa um universo de 58% dos motoristas, segundo dados da pesquisa do Cebrap.

Já os entregadores plataformizados que usam os apps como ocupação principal ganham em média 35% a mais que os profissionais da mesma categoria que trabalham fora das plataformas (R$ 2.247).

Tanto os motoristas quanto os entregadores que se utilizam das plataformas para obter renda apresentam renda média superior ao salário-mínimo brasileiro —fixado à época da pesquisa em R$ 1.412 mensais ou R$ 6,42 por hora.

As unidades da federação com menor nível de urbanização ou menor poder de compra tendem a ter menor dinamismo econômico relacionado aos serviços de plataformas. Elas se concentram, sobretudo, em centros urbanos médios e grandes, onde há maior demanda e, portanto, maior viabilidade operacional. Essa concentração territorial influencia diretamente as médias de renda observadas.

De acordo com o estudo, embora São Paulo concentre o maior número de trabalhadores plataformizados, Distrito Federal, Amazonas e Rio de Janeiro apresentam maior participação desses trabalhadores na força de trabalho (2% e acima) em comparação aos demais estados. Tal questão pode ser resultado de maior taxa de desemprego e informalidade nesses estados ou, no caso do Distrito Federal, elevada demanda por mobilidade urbana.

“As plataformas digitais que fazem a intermediação do transporte pessoas e bens estão consolidadas como parte do cotidiano de consumo das famílias brasileiras e, como está se comprovando, impactaram de forma positiva também o mercado de trabalho, gerando ganhos incontestáveis aos profissionais que delas se utilizam como principal ocupação ou como forma de obter renda complementar”, afirma André Porto, diretor-executivo da Amobitec.

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