O ano de 2025 está chegando ao fim e ficou marcado pelo enfraquecimento estrutural do dólar norte-americano, por conta da política comercial do presidente Donald Trump, pelo aumento da incerteza fiscal no país e pela expectativa de corte de juros pelo Fed.
A consultoria Eylos Alta realizou um levantamento exclusivo para IstoÉ Dinheiro mostrando a variação das principais moedas do mundo frente ao dólar. Ela mostra que das 27 principais moedas do mundo, apenas 6 desvalorizaram perante ao dólar. Confira:

O real acumulou valorização ante do dólar de 11,09% até o dia 29 de dezembro, mas não foi a única moeda da América Latina a se valorizar. O peso colombiano (18,94%) o peso mexicano (15,69%) e o sol peruano (11,90%) ficaram acima da moeda brasileira.
“No contexto latino-americano, observamos um cenário de valorização em relação ao dólar, com o Brasil mantendo uma posição intermediária de rentabilidade, favorecido por um ano de estabilidade institucional e ausência de incertezas eleitorais. Desempenho de vizinhos como a Colômbia e o Peru demonstram que essas economias conseguiram converter o otimismo dos investidores em ganhos reais que foram além das bolsas de valores e impulsionaram a economia real”, explicou o professor da Trevisan Escola de Negócios André Vasconcellos.
Os destaques de valorização monetária em 2025, além do peso colombiano que ficou na terceira colocação, foram o rublo russo (40,75%) e a coroa sueca (20,15%).
“O rublo sinaliza impactos de políticas monetárias distintas, volatilidade de commodities e fluxos de capital seletivos. Para o investidor, representa uma oportunidade de diversificação, mas demanda equilíbrio entre política cambial e reservas para sustentar o movimento”, aponta Vasconcellos.
Na ponta oposta, o peso argentino (-29,03%), a lira turca (-17,68%) e a rúpia indiana (4,88%) registraram as maiores quedas na comparação.
“As maiores desvalorizações do ano refletiram fragilidades internas severas. O peso argentino foi a moeda com pior desempenho em 2025, impactado por desequilíbrios fiscais, inflação elevada e perda de confiança estrutural. Outras moedas, como a lira turca, também sofreram perdas relevantes diante de desafios macroeconômicos persistentes”, explicou Sidney Lima, analista da Ouro Preto Investimentos.
“O peso argentino apresenta desvalorização motivada por um enxugamento drástico da máquina pública e uma menor participação do Estado na economia, o que provoca um desaquecimento gradual ao eliminar estímulos financeiros governamentais”, apontou Vasconecellos.
Real tem a maior valorização desde 2016
Apesar de figurar em uma posição intermediária entre as moedas das maiores economias frente ao dólar, o real apresentou em 2025 a maior valorização desde 2016, quando registrou 19,81% de alta.
“Essa valorização evidencia um comportamento de melhor percepção de risco Brasil e, ao mesmo tempo, impõe um desafio de gestão de custos para importadores e empresas com dívidas em dólar”, encerrou Vasconcellos.


