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Entenda por que o som dos pássaros acalma o cérebro e reduz o estresse

O estresse da vida urbana, permeado por ruídos incessantes, coloca o sistema nervoso em constante estado de alerta. Em contraste, o simples som do canto dos pássaros oferece uma pausa imediata e uma sensação de tranquilidade profunda. Especialistas em saúde mental explicam que essa reação não é apenas uma percepção, mas sim um complexo processo neurobiológico que associa os sons naturais à segurança e ao bem-estar.

A chave para esse efeito calmante está na maneira como o cérebro processa diferentes tipos de ruído. Sons naturais, como o canto das aves ou o barulho da água, são reconhecidos como estímulos seguros.

A psiquiatra Jessica Martani, de São Paulo, explica que o processamento do canto dos pássaros não se limita à área auditiva, mas envolve múltiplas regiões simultaneamente.

“O cérebro processa o canto das aves em circuitos que ligam a audição, a memória e a emoção. Essa convergência de informações ajuda a transformar o estímulo em uma sensação de segurança. Automaticamente, isso reduz a vigilância e a tensão física, promovendo um relaxamento mais profundo.”

Ao captar o canto das aves, o cérebro passa por um processo rápido de seleção e organização:

Recepção Auditiva: As áreas auditivas identificam os padrões, a intensidade e o ritmo do som.

Avaliação Emocional: Regiões como a amígdala e o hipocampo (memória e avaliação emocional) determinam se o estímulo requer atenção urgente ou se representa um ambiente estável.

Interpretação: Como o canto das aves é associado a ambientes não ameaçadores (sem predadores ou perigos imediatos), a interpretação é geralmente neutra ou positiva, resultando na sensação de calma.

O impacto do canto dos pássaros vai além da sensação momentânea de paz. A exposição a esses sons naturais facilita a regulação emocional e pode reduzir o excesso de pensamentos (ruminação), favorecendo a clareza mental.

Durante a noite, sons constantes e suaves da natureza criam uma referência auditiva que mascara ruídos externos disruptivos, facilitando a transição para as fases iniciais do sono e melhorando a qualidade do descanso.

A psicóloga Anastacia Barbosa, do Rio de Janeiro, complementa, definindo os sons da natureza como um “estímulo de desaceleração”:

“Os sons da natureza diminuem a hiperativação fisiológica causada pelo estresse. Ao reduzir pensamentos intrusivos, eles ajudam o cérebro a recuperar recursos cognitivos que são esgotados ao longo do dia, funcionando como um reset mental.”

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