O Índice de Preços ao Consumido Amplo (IPCA), a inflação oficial do país, ficou em 0,18% em novembro, ante 0,09% em outubro. Apesar da aceleração, foi o menor para um mês de novembro desde 2018 (-0,21%).
Com o resultado, a inflação acumula alta de 3,92%. Em 12 meses, o IPCA ficou em 4,46%, abaixo dos 4,68% dos 12 meses imediatamente anteriores.
É a primeira vez desde setembro de 2024 (4,42%) que o IPCA em 12 meses volta a ficar abaixo do teto da meta contínua. O centro da meta oficial para a inflação é de 3%, com margem de tolerância de 1,5 ponto percentual para mais ou menos.
O resultado também veio um pouco melhor que o esperado. Pesquisa da Reuters apontou que a expectativa de analistas era de alta de 0,20% em novembro, acumulando em 12 meses alta de 4,49%.
A principal pressão em novembro veio da alta do item passagem aérea (11,9%) e da energia elétrica residencial (1,27%). Já a hospedagem registrou avanço de 4,09% diante da alta de cerca de 178% desse serviço registrada em Belém por conta da realização da COP30. Veja aqui o detalhamento.
Alimentos voltam a registrar deflação
Cinco dos nove grupos de produtos e serviços pesquisados tiveram aumento de preços. Despesas pessoais (0,77%) e Habitação (0,52%) apresentaram as maiores variações e o maior impacto, seguidos de Vestuário (0,49%), Transportes (0,22%) e Educação (0,01%). Os demais grupos ficaram no campo negativo: Artigos de residência (-1,00%), Comunicação (-0,20%), Saúde e cuidados pessoais (-0,04%) e Alimentação e bebidas (-0,01%).
Os alimentos voltaram a registrar deflação em novembro, com a alimentação no domicílio (-0,20%) caindo pelo sexto mês consecutivo. Destacam-se as quedas dos subitens tomate (-10,38%), leite longa vida (-4,98%) e arroz (-2,86%). No lado das altas, ficaram mais caros óleo de soja (2,95%) e as carnes (1,05%).
A inflação de serviços acelerou de 0,41% em outubro para 0,60% em novembro. Já o índice de difusão, que mede o percentual de subitens que tiveram alta no mês, subiu para 56%, ante 52% no mês anterior. Já o índice para os alimentícios saiu de 49% em outubro para 64% em novembro.
“Mesmo com este percentual maior de variações positivas nos alimentos, dado os pesos e a magnitude das quedas registradas em alguns subitens, o grupo Alimentação e bebidas encerrou novembro com variação negativa de 0,01%”, afirmou Fernando Gonçalves, gerente do IPCA.
E a Selic cai quando?
Apesar da desaceleração da inflação, o mercado precifica o início da queda da taxa de juros ocorrerá somente em março. Dados do boletim Focus divulgado nesta semana pelo BC com coleta de informações de mais de 100 instituições financeiras mostrou que o mercado passou a apostar que o corte na Selic só virá na segunda reunião do ano que vem do Copom.
O presidente do BC, Gabriel Galípolo, afirmou recentemente que a autoridade monetária vai colocar os juros no nível necessário pelo tempo necessário para que a inflação convirja para a meta, e que deve perseguir o centro do objetivo, não o teto.
Pablo Spyer, conselheiro da Ancord, destaca que a inflação ainda mostra resistência nos núcleos, o deve manter o Banco Central cauteloso. “Entendemos que o início do ciclo de cortes de juros dependerá de sinais mais claros de desaceleração dos serviços e dos administrados”, afirma.
“O BC desde Campos Neto terceirizou para o Focus a condução da política monetária, ou seja, o Copom vai jogar com o manual do Sistema de Metas de Inflação debaixo do braço e simplesmente não vai cortar a taxa enquanto as projeções não entrarem de maneira clara dentro da meta”, avalia o economista André Perfeito.
INPC fica em 4,18% em 12 meses
O Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), usado para o cálculo do reajuste do salário mínimo e aposentadorias do INSS, registrou alta de 0,03% em novembro. No ano, o acumulado é de 3,68% e, nos últimos 12 meses, de 4,18%, abaixo dos 4,49% observados nos 12 meses imediatamente anteriores.

