A Justiça do Acre decidiu, mais uma vez, que o ex-tenente da reserva da Polícia Militar, Reginaldo de Freitas Rodrigues, 56 anos, permanecerá preso enquanto responde pela morte da companheira, Ionara da Silva Nazaré, de 29. O crime ocorreu em setembro, em Rio Branco, e voltou a ganhar destaque após nova avaliação do juiz Fábio Farias, responsável pelo processo.
A defesa do militar, representada pela Defensoria Pública, tentou alterar o rumo do caso ao pedir a revogação da prisão preventiva. O argumento, no entanto, não convenceu o magistrado. Para ele, nada mudou desde a primeira análise: a forma como o feminicídio foi cometido, o impacto sobre a ordem pública e o risco de nova violência ainda tornam a prisão necessária.
Outro ponto ressaltado pelo juiz é que ter endereço fixo ou emprego não pesa a favor da liberdade quando os elementos do processo indicam ameaça. O Ministério Público já havia denunciado o ex-tenente por feminicídio no mês de outubro, reforçando o entendimento de que a investigação reúne provas suficientes para mantê-lo detido.
O indiciamento de Reginaldo foi oficializado no dia 8 de outubro. No relatório final, a Polícia Civil destacou a gravidade do caso e recomendou que a prisão fosse mantida. O militar se apresentou à PM dois dias depois do crime, mas preferiu permanecer calado durante o interrogatório. Na Delegacia de Atendimento à Mulher, a arma usada pertencente à corporação foi apreendida e encaminhada para análise pericial.
A mudança de prisão temporária para preventiva ocorreu após solicitação da delegada responsável, Elenice Frez Carvalho, que considerou o crime especialmente grave. A investigação mostrou que Ionara foi morta dentro da própria casa, onde vivia com as filhas.
O relato mais sensível do inquérito vem justamente de uma das crianças, que disse ter escutado os disparos e encontrado a mãe caída no chão. As meninas não tinham relação familiar com Reginaldo, que fugiu logo em seguida, deixando ambas sozinhas na residência. Ionara não resistiu e morreu antes da chegada da equipe do Samu.
Com base nos depoimentos e provas coletadas, o inquérito concluiu que o ex-tenente deve responder por feminicídio, previsto no Código Penal e na Lei Maria da Penha. Pessoas próximas ao casal afirmaram que eles estavam juntos havia cerca de um ano e que o militar tinha comportamento ciumento, embora não existam registros formais de agressões anteriores.
A audiência de instrução será marcada com prioridade, mas o Tribunal do Júri ainda não definiu a data para a próxima etapa do processo.

