Diante da caminhada turbulenta de Jorge Messias para chegar ao Supremo Tribunal Federal (STF), ministros do governo Lula passaram a atuar nos bastidores para reforçar a articulação do advogado-geral da União no Senado. O grupo é formado pelo vice-presidente Geraldo Alckmin, titular da pasta de Desenvolvimento, Indústria e Comércio, e os ministros Fernando Haddad (Fazenda), Wellington Dias (Desenvolvimento Social), Paulo Teixeira (Desenvolvimento Agrário) e Simone Tebet (Planejamento). Eles têm falado com senadores para tentar sensibilizá-los a favor do escolhido de Lula.
Em conversas por telefone e nos gabinetes, os ministros têm buscado os parlamentares para referendarem a trajetória jurídica de Messias, defender a ida ao STF e pontuar que ele contribuirá para a composição da Corte. Os integrantes da Esplanada atuam junto a alas do Centrão e da direita para tentar quebrar resistências em meio ao ambiente hostil no Senado. Uma das barreiras que contribuem para o cenário de dificuldades é o receio de que Messias, ao chegar na Corte, terá atuação semelhante à do ministro Flávio Dino.
As exigências de Dino na ação que exige mais transparência em emendas parlamentares têm causado irritação em parlamentares, que consideram que há uma intromissão nas prerrogativas. O incômodo já respingou no AGU, e ministros de Lula ponderam aos senadores que esse temor é injusto, com o argumento de que Messias tem perfil flexível. Procurado, o advogado-geral da União não comentou.
Haddad busca parlamentares com quem teve relação nas pautas importantes da Fazenda, enquanto Tebet foca em senadores do MDB. Alckmin, por sua vez, atua de forma discreta junto aos quatro integrantes da bancada do PSB no Senado. Os ministros preferiram não se manifestar.
— A temperatura está baixando. Um ponto positivo é que todos têm grande respeito e reconhecem seu preparo para a missão — afirma o ministro Wellington Dias.
Os ministros consideraram positivo o adiamento da sabatina devido ao ambiente conturbado no Senado e avaliam que o calendário possibilitará que a conversa entre Lula e o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), ocorra em uma atmosfera menos tensionada. Messias seria sabatinado amanhã, mas a data foi inviabilizada pela recusa do governo em enviar a mensagem ao Senado, ato que formaliza a indicação presidencial.
A suspensão da sabatina foi anunciada enquanto Messias estava no gabinete do senador Omar Aziz (PSD-AM), que relatou que Messias ouviu a leitura da decisão sem reação. Segundo Aziz, a frustração com a não indicação do ex-presidente da Casa Rodrigo Pacheco (PSD-MG) não deve ser confundida com hostilidade pessoal a Messias: a resistência, dizem senadores, é política.
A relação entre Lula e Alcolumbre desandou após a indicação do AGU, pois o chefe do Senado defendia a escolha de Pacheco. Somado a isso, Alcolumbre rompeu com o líder do governo na Casa, Jaques Wagner (PT-BA), por não ter sido avisado da data em que Lula faria a indicação de Messias.
— Ninguém critica a formação do Messias. O que existe hoje é problema no ambiente político. Há uma agitação que precisa ser superada — avalia o ministro Paulo Teixeira.

