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MPAC diz que assassinato de Moisés Alencastro foi motivado por ódio e homofobia

O Ministério Público do Acre (MPAC) se manifestou publicamente na manhã desta terça-feira (23) sobre as investigações a respeito da morte do colunista social Moisés Alencastro, também servidor do órgão.

Em nota, o órgão afirmou que o crime não tem relação direta com latrocínio (roubo seguido de morte) — como a Polícia Civil tem suspeitado —, mas sim com um ato de ódio e homofobia.

“Recebemos com extrema cautela a informação veiculada pela mídia acerca da hipótese de que o homicídio de Moisés Alencastro tenha decorrido de latrocínio, especialmente diante do cenário do crime tal como descrito nas próprias reportagens. As lesões constatadas na vítima, notadamente múltiplas perfurações por arma branca e indícios de tentativa de degolamento, não se mostram, em um primeiro exame, compatíveis com a dinâmica típica desse tipo de delito patrimonial, sugerindo, ao contrário, violência exacerbada e desnecessária ao fim de subtração de bens”, escreveu o órgão em nota.

“Trata-se de um padrão de agressão que, com frequência, revela desprezo pela condição da vítima e se associa a crimes praticados por motivação de ódio, fenômeno que, infelizmente, se repete em contextos diversos, como nos assassinatos de mulheres e na eliminação violenta de pessoas homossexuais. Típica ação de homofobia”, continuou.

Alencastro foi encontrado morto dentro de seu apartamento na noite desta segunda-feira (22), em Rio Branco. O carro do colunista foi encontrado abandonado na Estrada do Quixadá.

“Moisés Alencastro era servidor público comprometido com o enfrentamento dessas formas de violência, atuando no âmbito do Ministério Público do Estado do Acre, junto ao Centro de Atendimento à Vítima, justamente na defesa da dignidade humana e da responsabilização penal adequada dos agressores”, continuou.

O órgão reforça que o crime praticado contra Moisés teve caráter homofóbico e precisa ser combatido.

“Sua morte não pode ser tratada como mais um episódio banal de violência. Ela expõe, de forma dolorosa, a realidade que ainda vivemos e reforça a necessidade de avanços concretos na construção de uma sociedade mais tolerante, livre de toda discriminação, preconceito e homofobia, fundada no respeito à condição humana de todos”, salientou.

O MPAC espera que o assassino de Moisés seja penalizado.

“Espera-se que os fatos sejam rigorosamente apurados, com a correta definição jurídica do crime e a responsabilização penal proporcional à gravidade da conduta, para que essa morte não permaneça impune — como o próprio Moisés sempre defendeu em sua atuação institucional. Destacamos, ainda, a plena confiança no rápido e eficiente trabalho desempenhado pela Polícia Civil na elucidação do caso, inclusive com a devida qualificação a ser dada ao crime. Desde o primeiro momento, a instituição tem empenhado esforços grandiosos para o enfrentamento deste delito, de modo a dar à sociedade a pronta resposta que se espera”, concluiu.

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