O aumento do plantio de mandioca registrado nos últimos dois anos resultou em uma maior oferta de raízes ao longo de 2025, especialmente no primeiro semestre. A expansão foi impulsionada pelos preços mais atrativos observados anteriormente e pela migração de áreas antes destinadas ao cultivo de grãos. Já na segunda metade do ano, a disponibilidade apresentou leve retração, influenciada por adversidades climáticas em importantes regiões produtoras.
Mesmo com esse cenário, os preços médios da mandioca ficaram acima dos registrados em 2024. No entanto, o aumento dos custos de produção acabou restringindo a rentabilidade dos produtores, principalmente despesas com arrendamento de terras e mão de obra, que seguem pressionando o setor.
Estimativas do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) apontam crescimento de 9,4% na produção nacional de mandioca em 2025, alcançando cerca de 20,8 milhões de toneladas. O avanço é resultado da ampliação da área colhida, que cresceu 5,8% e chegou a 1,3 milhão de hectares, além de um ganho de 3,4% na produtividade média, estimada em 16 toneladas por hectare. A expectativa é de aumento da produção em todas as regiões do país.
Nos principais estados produtores voltados à indústria de fécula — Paraná, Mato Grosso do Sul e São Paulo —, a produção deve crescer 12,6%, somando aproximadamente 7,4 milhões de toneladas, o que representa cerca de 35,6% do total nacional.
Apesar da maior oferta, o processamento industrial não acompanhou o ritmo de crescimento da produção. Segundo estimativas do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), a moagem de mandioca em 2025 deve totalizar 2,8 milhões de toneladas, queda de 2,2% em relação ao ano anterior. Do volume processado, 1,53 milhão de toneladas foram moídas no primeiro semestre e 1,26 milhão no segundo, configurando a maior diferença entre os semestres desde 2022.
Em relação aos preços, dados do Cepea indicam que o valor médio da tonelada de mandioca entregue às fecularias foi de R$ 545,45 em 2025, alta de 3,4% na comparação com 2024. Ainda assim, pesquisadores do centro destacam que a recuperação nos preços não foi suficiente para garantir maior rentabilidade ao produtor, diante do peso crescente dos custos de produção.

