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Valdemar retirou processos contra Ciro Gomes antes de Michelle barrar aliança

A suspensão da aliança do PL com Ciro Gomes (PSDB) no Ceará, após briga pública entre a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro e os filhos do ex-presidente Jair Bolsonaro, representou um baque pessoal para o presidente nacional da legenda, Valdemar Costa Neto.

Em agosto, de olho na composição que começava a ser alinhavada com Ciro, Valdemar retirou três processos que movia na Justiça contra o tucano desde as eleições de 2022.

O político cearense associou Valdemar a desvios de dinheiro no Departamento Nacional de Infraestrutura e Transporte (DNIT) e relembrou a condenação no Mensalão durante a campanha presidencial. 

Para cada um dos processos, Valdemar pedia R$ 100 mil de indenização. A informação da retirada dos processos foi confirmada por Valdemar.

Com o movimento, ele esperava criar um discurso de “união de forças e pragmatismo para derrotar o PT no estado”.

As críticas de Michelle à composição com Ciro geraram um ataque coordenado dos filhos de Bolsonaro, na última segunda-feira, e expuseram uma disputa por protagonismo na família do ex-mandatário.

A decisão de suspender a aliança foi referendada por Bolsonaro em encontro com Flávio Bolsonaro (PL-RJ) na Superintendência da Polícia Federal, em Brasília, onde cumpre pena. 

O atrito entre Valdemar e Ciro

Em 2022, durante um debate realizado pela Revista Veja, Ciro Gomes atacou Bolsonaro, com quem concorria à Presidência pelo PDT, e citou Valdemar, enquanto pedia votos.

— O que está acontecendo no Brasil hoje? O Bolsonaro repete a mesma prática. Valdemar Costa Neto, o Lula deu o DNIT para roubar, foi preso e condenado, no Mensalão. Agora o Bolsonaro é filiado ao Dnit. Estou pedindo a você, me dê uma oportunidade de mudar isso.

Valdemar, então, processou Ciro por danos à sua imagem.

Contudo, em setembro deste ano, o presidente do PL disse que o episódio estava superado e que caminharia ao lado do ex-desafeto.

— O Ciro mete o pau até na própria sombra, mas é um fenômeno. É o único jeito de derrubar o PT no Ceará. Ele já meteu o pau em mim e no Bolsonaro, mas não tem jeito — disse.

Briga por protagonismo

A briga pelo protagonismo político na família Bolsonaro foi acentuada com o início do cumprimento da pena do ex-presidente e se tornou pública na segunda-feira após sinais de mal-estar nos bastidores.

De olho no espólio político do patriarca, o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), o deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) e o vereador Carlos Bolsonaro (PL-RJ) se uniram em críticas à ex-primeira-dama Michelle por tentar interferir na costura de palanque no Ceará.

Segundo eles, ao atacar a aliança do deputado André Fernandes (PL-CE) com o ex-presidenciável Ciro Gomes (PSDB), Michelle desrespeitou uma ordem direta do marido.

A ex-primeira-dama viajou ao Ceará para participar do lançamento da pré-candidatura do senador Eduardo Girão (Novo-CE) a governador e, no palco, criticou a aproximação de Fernandes e do PL com Ciro, que há quase dois meses rompeu com o PDT para se filiar ao PSDB.

— É sobre essa aliança que vocês precipitaram a fazer. Fazer aliança com o homem que é contra o maior líder da direita (Jair Bolsonaro), isso não dá. A pessoa continua falando que a família é de ladrão, é de bandido. Compara o presidente Bolsonaro a ladrão de galinha. Então, não tem como — disse Michelle.

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