A frente do prédio da Prefeitura de Cruzeiro do Sul, no interior do Acre, foi tomada, na manhã desta sexta-feira (29) por trabalhadores municipais que alegam estar sem receber há meses. Servidores das secretarias de obras, assistência social, limpeza e meio ambiente dizem que estão sem receber de três a cinco meses.
A prefeitura informou que o motivo do atraso é em decorrência da crise e redução dos repasses do FPM. A administração disse ainda que a prefeitura está ciente da situação e que “está buscando meios para regularizar as repetidas pendências junto aos servidores”, disse.
Em matéria publicada em agosto no Juruá Em Tempo, documento do Banco do Brasil sobre o FPM pago ao município mostra que 70% do Fundo de Participação dos Municípios repassado à prefeitura pelo Governo federal da cifra de quase um milhão de reais, mais de 770 mil foram retidos na fonte pelo sistema da previdência. O valor é retido em razão de débitos junto ao INSS. Um rombo ainda desconhecido da maior parte da população, mas que já é sentido na carne por muitos servidores municipais.
Antônio da Silva Batista, de 46 anos, trabalha na Secretaria de Obras. Ele conta que está sem receber há três meses e não recebeu nenhuma explicação sobre o atraso do salário. “Precisamos receber. Já tem três meses que não recebemos nada e não há uma resposta do que está acontecendo”, reclama.
Pai de família, Antônio Carlos Moraes, de 32 anos, conta que a situação na sua casa está preocupante e que não tem dinheiro para pagar as contas. Ele também é funcionário da Secretaria de Obras.
“Somos pais de família, temos nossos filhos e nossas contas para pagar. Chego em casa, não tem mais gás, a luz tá cortada e os meus filhos pedem uma coisa e outra. Isso dói meu coração como pai”, reclama.
Uma funcionária da Secretaria de Assistência Social, que prefere não se identificar, diz que está há cinco meses sem receber e que está contando com ajuda de amigos e familiares.
“Eu só vivo desse salário. Meu marido não tem emprego e são cinco pessoas na minha casa. Ainda bem que estou recebendo doações das pessoas da minha igreja, senão já tínhamos morrido”, conta.
Atrasos recorrentes
Em julho deste ano, a Prefeitura de Cruzeiro do Sul também atrasou o pagamentos dos cargos comissionados na cidade. O pagamento dos atrasados só foi feito 20 dias após a data correta.
Na época, a Prefeitura atribuiu o atraso a diminuição dos repasses do Fundo de Participação dos Municípios (FPM) e a uma dívida de R$ 1,4 milhão com a Previdência Social que tem prejudicado o caixa da administração municipal.
Crise
Nos últimos meses, a Prefeitura de Cruzeiro do Sul tem aplicado uma série de medidas para manter as contas em equilíbrio. No final de 2015, o prefeito anunciou um corte de 25% nos salários dos secretários de estado, servidores comissionados e provisórios. Já em abril, pôs à venda, por R$ 1,7 milhão, uma área de 31. 889,41m², na Avenida 25 de Agosto. O objetivo era utilizar o dinheiro da venda para investir na malha viária da cidade, mas venda não deu certo e a situação é cada vez mais crítica.
Fonte: G1 (Anny Barbosa)

