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quinta-feira, maio 16, 2024

Tráfico de drogas no Amazonas e em Rondônia é bem maior do que no Acre

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TV Globo escandaliza o Acre como terra arrasada pelo narcotráfico em nova tentativa de influenciar a opinião pública para tirar o PT do comando do estado

 

​Os estados do Acre, Rondônia e Amazonas são os mais atingidos pelo impacto do tráfico internacional da cocaína originária da Bolívia, do Peru e da Colômbia, os três países responsáveis por quase toda a produção mundial da droga, que abastece mais de 17 milhões de consumidores ao redor do planeta, segundo cálculo feito em julho de 2017 pela Organização das Nações Unidas (ONU).

Pelos rios, igarapés, matas e serras dos três estados amazônicos passou boa parte das mais de mil toneladas de cocaína produzidas em 2015 pelos três vizinhos sul-americanos, tanto para abastecer o mercado brasileiro, já considerado o segundo maior consumidor mundial da droga, quanto para usar o território nacional como corredor para suprir à demanda de consumidores da Europa, da África e de outros continentes.

Apesar de só ter dado ênfase ao Acre como corredor brasileiro de entrada da cocaína no país, o programa Fantástico, da TV Globo, não mencionou o tráfico ainda mais intenso que ocorre há vários anos na região fronteiriça entre o Amazonas e a vizinha Colômbia, que passou a ser desde 2013 a maior produtora da droga no mundo, traficando a maior parte dela pelos 1,6 mil km de fronteira que tem com o território amazonense.

Segundo os números divulgados pela ONU em 2016 (últimos dados revelados), a produção de cocaína na Colômbia em 2015 alcançou 646 toneladas; a produção do Peru foi de 240 toneladas; e a da Bolívia mais de 130 toneladas. Essas produções resultaram dos plantios de coca (a planta que origina a cocaína) na Colômbia em 96 mil hectares; no Peru, em 36 mil hectares; e na Bolívia, em mais de 20 mil hectares.

Enquanto nos primeiros seis meses de 2017, o Acre havia apreendido 700 quilos de cocaína e outras drogas, que entraram no estado pelos 1,9 mil km de fronteiras com a Bolívia e o Peru, o Amazonas já registrava a apreensão de quase a metade das 16,4 toneladas de cocaína e outras drogas oriundas da Colômbia, que foram apreendidas no decorrer de todo o ano passado, segundo informou a Secretaria de Segurança Pública amazonense.

Também no primeiro semestre do ano passado, segundo o que foi publicado na mídia rondoniense, o vizinho estado de Rondônia já havia aprendido mais de mil quilos de cocaína e outras drogas, portanto, mais do que o dobro das apreensões acreanas no mesmo período.

​Em sua reportagem, o Fantástico também não dimensionou a realidade do pouco caso e da vista grossa que o governo federal faz para controlar e combater o intenso tráfico de drogas e de armas que ocorre há anos nos oito mil quilômetros de fronteiras entre os quatro estados brasileiros e os três países vizinhos produtores de cocaína.

Nestas fronteiras, a presença do governo federal, a quem cabe constitucionalmente controlar as regiões fronteiriças, é praticamente zero, resumindo-se a poucos agentes da Polícia Federal e a outros tantos soldados do Exército, que ficam quase todos nas cidades cumprindo outras obrigações constitucionais.

A presença efetiva de tropas federais para monitorarem as fronteiras amazônicas ainda não passa de uma promessa de intenções do Sistema Integrado de Monitoramento de Fronteiras (Sisfron), projeto lançado pelo Exército em 2012, mas que se encontra até agora em estágio piloto, já tendo consumido R$ 1 bilhão e só atuando inicialmente em 660 km ao longo da fronteira do Mato Grosso do Sul com o Paraguai e a Bolívia, portanto, fora da Amazônia Legal.

A área de fronteira monitorada pelo Sisfron em Mato Grosso do Sul corresponde a apenas a 4% dos mais de 16 mil km de extensão das fronteiras terrestres brasileiras. Além de tudo isso, em 2017, coube ao atual governo recessivo de Michel Temer reduzir de R$ 450 milhões para apenas R$ 132 milhões o orçamento do projeto do Sisfron no ano passado.

Depois da forjada Operação G-7, vem a do estado enlameado pelo tráfico

Os personagens, o roteiro, o cenário e os objetivos são os mesmos. Tudo parece muito igual no novo filme de quinta categoria que a TV Globo arma para cima do PT do Acre, tentando, como já conseguiu a nível nacional, influenciar a opinião pública a ajudar a desalojar do poder o partido que governa o estado há 20 anos.

​Assim como fez em maio de 2013, quando foi pomposamente ao Acre no mesmo avião que policiais federais usaram para prender empresários e secretários do governo Tião Viana, acusados de corrupção na forjada e malfadada “Operação G7”, a TV dos Marinhos, especializada em apoiar golpes militar (de 1964) e civil (2016), quer fazer a mesma coisa agora ao tentar colocar o Acre e sua população em situação de terra arrasada pelo tráfico de drogas e armas vindas dos vizinhos Peru e Bolívia.

No domingo passado, o programa Fantástico iniciou a série de reportagens sobre o avanço do crime organizado e suas muitas facções criminosas no estado no mesmo tom de escândalo dado pelo Jornal Nacional por ocasião do espetáculo dantesco armado há cinco anos, com o apoio da Polícia Federal, para propagar à opinião pública nacional e local que o PT também rouba e faz mal ao Acre. E, já naquela época, claro, com a mesma intenção de influenciar nas eleições acreanas, como faz agora, desta vez, a menos de quatro meses para o pleito estadual. (R.A.)

Deputado acusa Globo de tentar novamente golpear o Acre

“A mesma Rede Globo, que noticiou em primeira mão a famigerada operação G7 e que faz de tudo pra destruir Lula e o PT, agora vende uma imagem do Acre de terra arrasada. Assim como fez em 2013, a Globo tenta mais uma vez influenciar nas eleições do Acre”, denuncia o deputado federal Leo de Brito (PT-AC).

“É evidente que a questão das facções criminosas é um problema nacional. Não tínhamos esse problema até o episódio do Paraguai. Se a facção do PCC (Primeiro Comando da Capital) existe em todo o Brasil é porque os tucanos do PSDB de São Paulo exportaram”, completa o parlamentar, ao se referir à transferência de membros da facção criminosa paulista para atuarem nas fronteiras amazônicas.

O descaramento do novo golpe tentado pela TV Globo onde o PT se mantém mais tempo no poder no país beira ao ridículo para quem conhece a realidade e a história do tráfico de cocaína ao longo da fronteira da Amazônia Ocidental em que o Acre está inserido. Uma realidade que, como assinala a primeira parte desta matéria, com base em dados e informações oficiais, inclui não só o Acre e Rondônia quanto principalmente o Amazonas, que tem nada menos que 1,6 mil km de fronteira de florestas com a Colômbia, hoje disparado o maior produtor de cocaína do mundo. (R.A)

  • Por Romerito Aquino
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