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terça-feira, abril 16, 2024

Aos 54 anos, empresário constrói motorhome para largar tudo e pegar estrada com a família: ‘Nosso quintal vai ser o mundo’

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Um sonho que demorou a sair do papel agora toma forma e o melhor de tudo: ao lado da família. João Maria de Brito tem 54 anos e este ano decidiu construir seu próprio motorhome e cair na estrada. Segundo a página que criou para compartilhar todo o processo, ele está “construindo uma casa para o mundo”.

João é dono de uma loja de construção civil há 20 anos em Rio Branco, no Acre, e sempre alimentou o sonho de conhecer lugares e não ter uma casa fixa. Pensando nisso, ele, a mulher e o filho, de 23 anos, começaram a colocar em prática.

“A gente tem essa ideia faz tempo, mas, devido à correria do dia a dia, ainda não tinha sido possível colocar em prática. Com a pandemia, a gente decidiu que não podia demorar muito e decidimos acelerar a ideia que tínhamos”.

A primeira ideia era mandar a van para fora, mas João decidiu fazer tudo sozinho com a ajuda do filho, Vinícius Salomão, de 23 anos, que é formado em engenharia civil. Eles procuraram modelos e dicas na internet e foram fazendo as adaptações da van com as próprias mãos.

Todo o processo – com dicas e média de valores – é compartilhado na página “Na Estrada do Mundo” e também no canal do Youtube que leva o mesmo nome.

“Compramos a van aqui e esperamos chegar. Muitas coisas tivemos que comprar lá fora porque aqui não tem quase nada de motorhome e agora o projeto está bem adiantado, mas no começo foi bem sofrido”, conta.

O motorhome está sendo construído por ele e pelo filho, de 23 anos  — Foto: Arquivo pessoal

‘Nosso quintal vai ser o mundo’

João espera pegar a estrada ao lado do filho e da mulher, Ayala Salomão, no início do ano que vem. Para poder realizar o sonho, ele vai precisar se desfazer da loja de construção civil.

“A gente decidiu dar um tempo para colocar em prática esse projeto e, como a gente ainda não está tão velho, se não gostar da ideia, volta para a batalha de novo. Nós vamos vender a loja e viver dentro da van, ela vai ser nossa casa e nosso quintal vai ser o mundo. A ideia é bem radical para quem tem uma vida normal, pode pensar até que é loucura, mas para a gente que está com essa ideia há muito tempo, já é comum”, diz.

O empresário diz que o filho está recém-formado em engenharia civil, mas vai embarcar nessa viagem junto com os pais.

“Como ele quer essa bagagem para o futuro, nós vamos dar essa experiência. Se depois ele ver que não é isso que quer, segue o rumo dele. Mas, se gostar, pode continuar com a gente o tempo que ele quiser”, diz.

Para poder seguir com o projeto, João disse que há um planejamento financeiro, além do de vida. Sem especificar valores, ele diz que tudo foi bem pensado, eles guardaram dinheiro e fizeram algumas economias.

“Fizemos uma economia para nos mantermos na estrada. A gente vai ter uma renda, não é muita coisa, mas vamos ter o bastante para viver em uma casa móvel, tudo dentro de um programa financeiro. A ideia de fazer o canal no Youtube foi para divulgar, mostrar o dia a dia, quanto a gente vai gastar por mês, quanto a gente está gastando para fazer a van e pra divulgar nosso projeto, mas se der para monetizar isso também vai ajudar muito”, explica.

Questionado de onde surgiu essa vontade de largar tudo e seguir um sonho, de se aventurar pelas estradas do Brasil e até do exterior, ele diz que era um desejo guardado há muitos anos.

“Eu tinha vontade de ser hippie, mas nunca tive coragem, mas esse desejo nunca passou, sempre esteve aqui. A gente leva muito pouco dessa vida aqui. Não adianta você continuar trabalhando, pra ficar bem, estabilizado para poder fazer alguma coisa, se não conseguimos ter o destino nas mãos e decidi fazer enquanto tenho saúde para andar e dirigir. Foi esse pensamento que fez com que eu interrompesse a carreira de comerciante para poder colocar esse projeto em prática”, conta.

Energia da van é por meio de placas solares  — Foto: Arquivo pessoal

‘Nunca tirei férias’

O empresário conta que em 20 anos de comércio nunca tirou férias completas. O máximo que ficou sem trabalhar foi 10 dias. Agora, ele quer colecionar experiência e sentir a liberdade de morar em qualquer lugar.

“O que eu quero levar é um pouco mais de experiência e vivência com tudo que a vida oferece. A gente chegou ao Acre em 2001 e esse tempo todo foi só trabalho, nunca tirei um mês de férias. O comerciante nunca vai ter esse tempo, se não for uma empresa grande. Se for uma empresa grande, e o empresário for desapegado, deixa na mão dos outros e vai, mas a minha é uma empresa pequena e familiar, por isso decidi interromper as atividades”, revela.

Questionado se não teme que o projeto dê errado, João diz que há um plano B, de recomeçar. Mas, garante que a possibilidade de não dar certo não o assusta a ponto de fazê-lo desistir.

“Se o projeto não for bom, como penso que vai, volto para alguma atividade, mas não a mesma. Vou ter conhecido outros lugares, outras coisas. E isso é segundo plano, o primeiro mesmo é viver na estrada e me dedicar 100% à família”, finaliza.

Adapatações na van estão sendo finalizadas  — Foto: Arquivo pessoal

  • Por Tácita Muniz, g1 AC.
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