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quinta-feira, abril 25, 2024

Mãe de três filhos, bióloga muda de carreira e se de dedica a fotografar partos no AC: ‘Cada história é única’

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“Apaixonada em assistir famílias nascendo”. Assim se define a fotógrafa de partos Allana Aryanne, de 31 anos. Formada em biologia, há quase 3 anos ela decidiu se dedicar à fotografia registrando um dos momentos mais importantes na vida de uma mulher: o momento do parto.

Mãe de três, ela decidiu mudar de área e conta como tornou sua rede social um espaço onde compartilha questões importantes ligadas à maternidade. E, neste sábado (6), que se comemora o Dia das Mães, o g1 conta a história dessa mãe que se dedica a acompanhar outras mães.

A ideia de fotografar partos surgiu quando ela própria começou a procurar uma profissional para registrar o parto da segunda filha.

“A fotografia de parto apareceu para mim em 2019, quando estava grávida da minha filha, que tem 3 anos hoje, estava em busca de informações de imunização de partos aqui em Rio Branco e usei o Instagram para procurar pessoas que trabalhavam nessa linguagem e aí me deparei com muita fotografia de parto, vídeos, e consegui encontrar duas enfermeiras que atendem parto domiciliar em Rio Branco. Aí fiz a opção por ter parto domiciliar, já que tinha tido uma cesariana do meu filho mais velho e estava com medo de violência obstétrica ou de ter outra cesárea indesejavelmente”, conta.

Junto com o parto humanizado veio o desejo também de registrar este momento. Para Allana, o fato de eternizar o nascimento do filho é uma forma de documentar um dos momentos mais importantes da vida dos pais, que muitas vezes estão ali para receber seu primeiro filho ou aumentar a família.

“Então, comecei a procurar profissional em Rio Branco que trabalhasse com parto e não encontrei ninguém para fotografar parto vaginal, então busquei uma amiga, que é fotógrafa de estúdio, e falei como queria as fotos, como queria que ela se posicionasse no ambiente e aí ela fez minhas fotos. Um ano depois de ter vivido o parto, busquei a equipe que me atendeu e me disponibilizei como fotógrafa para registrar. E e aí me chamaram para ir a um parto, comunicaram à gestante que ia fazer de graça e que ela poderia ficar tranquila porque eu já tinha uma certa experiência com parto domiciliar. Foi minha primeira experiência e foram as melhores fotos que fiz na vida”, relembra.

A habilidade com a fotografia, ela já tinha porque, como bióloga, fazia algumas fotos de natureza. Então, Allana tinha algumas noções de enquadramento, luminosidade e, no caso de acompanhar um parto, principalmente, como se posicionar para que a mulher, em um momento tão íntimo, sinta-se à vontade.

“É mais difícil você ter a confiança da mulher neste momento do que você realmente pensar nos detalhes técnicos. Então, fiz um curso de doula e outro de fotografia de parto, tudo on-line porque estávamos na pandemia, e acrescentei essa bagagem. Era muito difícil, porque a mulher está em um momento vulnerável e é muito difícil você querer fotografia de parto. Nós ainda estamos em um processo de entender isso, porque muitas pessoas perguntam o motivo de a mulher querer registrar este momento, muitos acham que ela quer aparecer, quando, na verdade, é um registro documental como qualquer outro momento da sua vida”, destaca.

Mas, ao longo dos anos, a chamada partografia vem crescendo no estado e não é difícil encontrar profissionais que façam esse trabalho. Allana diz que, além dos pacotes que faz para a venda, ela tem alternativas mais em conta que atendem as pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS).

Humanização e acolhimento

A empatia e a sororidade são bases importantes no trabalho que Allana desenvolve, não só na fotografia, mas também nas informações e temas que aborda em suas redes sociais. Como é mãe de três filhos – um de oito, três anos e um de 7 meses – ela usa seu espaço para compartilhar preocupações e questões que são constantes na maternidade.

A ideia é fazer com que as seguidoras se reconheçam nessas histórias e se sintam, de alguma forma, amparadas.

“Em 2019, no ano que estava grávida da Aurora, tive muitas mudanças, porque meu primeiro filho foi de outro relacionamento e em busca de apoio nas redes sociais, comecei a ser apoio. Comecei a buscar informações a respeito desse universo, porque queria interferir o menos possível de forma negativa no meu filho mais velho. Quando a Aurora nasceu, eu estava terminando meu mestrado, encarando artigo, trabalho, evidências científicas e comecei a buscar isso no meu maternal mesmo e comecei a buscar coisas bacanas de estudo, como cuidados relacionados ao bebê, primeira infância e comecei a usar meu Instagram como uma plataforma de troca”, relembra.

A ferramenta digital então passou a ser um espaço de debates importantes, troca de experiências e muita informação, já que, como pesquisadora, a fotógrafa acaba explanando sobre dados científicos e informações importantes, que muitas vezes não chegam ao alcance dessas mães.

Nesses quase 3 anos dedicados à fotografia, a profissional já registrou cerca de 25 nascimentos. Memórias que sempre ficarão guardadas nas fotografias ou vídeos produzidos por ela. É o momento mais importante da vida de uma mulher pausado em uma imagem.

Das dezenas de partos, é difícil achar um marcante, isso porque, segundo Allana, cada história é única.

“Nenhum parto é igual ao outro, nenhuma história se repetiu, nem final, nem trajetória. Cada história é única e é difícil falar uma que foi mais forte, mas uma que me marcou como mãe, como pessoa que trabalha no parto de humanização, foi de uma paciente obesa que não tinha condições de pagar uma doula e nem enfermeira para acompanhá-la e me pediu ajuda para montar um plano de parto porque queria muito parir de forma livre”, relembra.

As duas então definiram todo o plano de parto, até que no dia do bebê chegar ao mundo, a fotógrafa teve a certeza da conexão dela e da paciente.

“A bolsa dela estourou às 3h da manhã e eu sonhei uma hora antes que ela me ligava para dizer que a bolsa tinha estourado. Então, foi muito marcante e até hoje eu guardo a conversa desse dia, porque foi impressionante e senti como se o parto fosse meu também.”

Trabalho em casa

Como autônoma, Allana conta que, por um lado, trabalhar para si proporciona que ela faça seus horários e consiga ficar mais perto dos filhos, porém, diz que isso gera outras questões que muitas vezes também são difíceis de organizar.

“Hoje a gente analisa de uma outra forma, mas quando escolhi estar trabalhando livre, sem ter ligação direta com algum órgão, me senti mais tranquila de poder estar em casa com eles no horário que eu quero, mas a realidade de quem trabalha em casa e de quem é mãe é bem diferente. Tem a flexibilidade, mas caímos em armadilhas que nós mesmas criamos, porque a criança precisa de atenção.”

Ela relembra que o filho chegou a propor um acordo para os horários que ela usasse o celular, isso porque ela não consegue estar 100% com eles, já que precisa trabalhar no computador ou celular.

“Minha filha já chegou a me tirar do computador, me colocar na sala para brincar ou assistir TV com ela. Então, o trabalho fica mais difícil de ser concluído por conta da demanda das crianças, elas veem que estamos ali e precisam desse aconchego. Empreender quando se é mãe parece que é algo certo, nasceu uma mãe, nasceu uma empreendedora, porque fica mais fácil porque estamos perto dos filhos, mas a gente não fica 100% nas atividades. A gente aproveita o que dá pra aproveitar do dia, com relação a tudo”, destaca.

Porém, por outro lado, o fato de trabalhar com mulheres puérperas acaba ajudando que a clientela seja mais compreensiva com relação a prazos.

“Essa mãe começa a compreender porque eu peço um prazo de 30 dias para entregar o filme, peço 60 dias para entregar as fotos, porque a demanda do trabalho digital é muito grande e eu nem sempre posso estar no computador por conta das crianças e toda minha demanda. Então, fica mais fácil, porque mãe começa a enxergar uma realidade que ela não conseguia enxergar antes”, finaliza.

Com informações G1 Acre

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