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quinta-feira, abril 25, 2024

Ouro de Tolo: Boatos inverídicos de ouro na Serra do Divisor são espalhados em grupos de whatsapp

Por Leandro Altheman

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Pelo menos dois áudios têm circulado em todo estado do Acre afirmando, inveridicamente, que tenha sido achado ouro na região do Parque Nacional da Serra do Divisor.

Em um dos áudios um autor não identificado diz que teria “estourado uma grota de ouro e diamante na Serra do Moa, ‘no’ Cruzeiro do Sul”. Na segunda parte do áudio, o mesmo autor conclama a todos ‘irem para cima’ e que ‘quem chega primeiro bebe água limpa’. Aparentemente se trata de um garimpeiro ou alguém que se passa por um.

O segundo áudio divulgado é ainda mais fantasioso, dizendo que ‘até as bota dos peão sai suja de ouro da terra lá’. Nesse áudio o autor pergunta a alguém se está sabendo ‘do ouro que está dando lá em cima, no Cruzeiro do Acre’, dando a entender que possa estar localizado no baixo Juruá.
Recentemente, o site de notícias Amazônia Real divulgou por meio de reportagem do jornalista Fábio Pontes, a entrada de uma balsa no rio Andirá, afluente do rio Juruá, próximo ao município de Juruá (AM). Segundo a reportagem, a balsa entrou em área de proteção federal a convite do prefeito da cidade.

Uma das possíveis razões dos boatos falaciosos pode ter sido um mal-entendido dos garimpeiros quanto à localização, confundindo o município de Juruá (AM) com Cruzeiro do Sul (AC), maior cidade localizada às margens do rio Juruá.

Contudo, ao situar a ocorrência de ‘ouro e diamante’ na Serra do Divisor, os áudios podem ser parte de uma tática de grupos garimpeiros em tentar provocar uma ‘febre do ouro’ no rio Juruá. Esta não teria sido a primeira vez de ocorrências dessa natureza na região que possui histórico de tentativas mal-sucedidas de exploração mineral. O Parque Nacional da Serra do Divisor, onde está localizada a Serra do Moa é área federal de proteção integral.
Em dezembro de 2016, baseado em afirmações não confirmadas de ocorrência de ouro na região, a Cooperativa de Mineração dos Garimpeiros de Pontes e Lacerda, no norte do Mato Grosso solicitou cinco diferentes pedidos de lavra foram feitos pela em Cruzeiro do Sul, duas áreas em Rodrigues Alves e duas em Mâncio Lima. Um total aproximado de 42 mil hectares. O pedido resultou na imediata suspensão das atividades da indústria de cerâmica da região. Devido à mobilização de ambientalistas e da indústria de cerâmica, a solicitação acabou rejeitada pelo governo federal. Sem a confirmação da existência de ouro, na época, alguns empresários da indústria de cerâmica suspeitou tratar-se de um engodo para extorquir e chantagear o setor que teve prejuízo com a paralização das atividades.

A Verdade vale ouro. O verde também
Após o alvoroço causado pela boataria, jornalistas de todo estado procuraram obter informações a respeito. A referência foi o sr. Miro, morador da Serra do Moa e proprietário da Pousada do Miro. Miro demonstrou surpresa com o boato e negou a existência de balsas, dragas ou garimpeiros na região, que possui acesso dificultado, especialmente no verão amazônico.
“Aqui ninguém nem ouviu falar disso. Nem balsa, nem trabalhadores. Não tem como passar por aqui sem a gente ver”, disse.

Sem ouro, Miro é uma das muitas pessoas tira seu sustento a partir do turismo na região, considerada uma das mais belas da Amazônia brasileira e uma das regiões de maior biodiversidade no Mundo.

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