O ministro da Defesa peruano, Alberto Otárola, afirmou hoje que o Conselho de Ministros decidiu impor estado de emergência a nível nacional por 30 dias.
Manifestações ocorrem no Peru desde a última quinta-feira (8) contra o novo governo, de Dina Boluarte, e pela liberdade de Pedro Castillo, o presidente deposto, que hoje teve a prisão preventiva requerida pelo Ministério Público.
Por que o Conselho tomou essa decisão? Estado de emergência é para “garantir a ordem”, segundo o titular da Defesa, além de dar “continuidade das atividades econômicas e a proteção de milhões de famílias”.
As Forças Armadas apoiam o trabalho da polícia local, informou Otárola. Ele disse que o diálogo entre os ministros e com a população segue para ouvir “exigências e necessidades de todas as regiões, e também trabalhamos arduamente para manter a paz”.
Por que o Peru vive uma crise política? A crise no país se agravou na última quarta-feira (7), quando o então presidente Pedro Castillo fez um pronunciamento em que disse que iria instituir um “governo de emergência excepcional” a fim de convocar novas eleições e, posteriormente, mudar a Constituição do Peru.
O Congresso antecipou a sessão para votar pelo impeachment de Castillo e o afastou do cargo por “incapacidade moral”. Horas depois, Dina Boluarte, então vice de Castillo, assumiu a Presidência.
Qual foi a reação à mudança de comando no país? A transição de poder para Boluarte tem sido pouco aceita e provocou protestos de parte da população, que já estava insatisfeita com o governo e o Parlamento. As manifestações deixaram ao menos sete mortos, segundo informações do jornal local La Republica, e fizeram a nova presidente voltar atrás sobre novas eleições.
A presidente disse que apresentará um projeto de lei ao Parlamento a fim de antecipar as eleições para abril de 2024. A princípio, a chapa de Castillo e Boluarte governaria até 2026.
Em carta publicada hoje, Castillo agradeceu aos manifestantes, falou em golpe contra ele e acusou a imprensa local de receber dinheiro “para silenciar o massacre e a crise em todo o Peru”.
“Reitero a minha gratidão aos meus irmãos presidentes da Colômbia, México, Bolívia e Argentina. Digo-lhes que nos manteremos firmes e não renunciaremos ou abandonaremos a causa justa e a vontade popular do povo peruano”, escreveu.
Apesar de preso, Castillo publicou na segunda-feira (12) outra carta escrita a mão dizendo que não irá “renunciar”. No texto, o ex-presidente ainda disse que “a usurpadora”, em referência a Boluarte, faz as mesmas falas que a “direita golpista”. “O povo não deve cair no seu jogo sujo de novas eleições. Basta de abusos! Assembleia constituinte agora! Liberdade imediata!”, escreveu.
En nombre de los miles de hermanos peruanos que se han volcado a las calles y pernoctan allí, en nombre de los niños, jóvenes, amas de casa, campesinos, comunidades campesinas, frentes de defensa, comerciantes, transportistas, ambulantes, pescadores artesanales, mineros… (1/7) pic.twitter.com/iI3CsOi5vE
— Pedro Castillo Terrones (@PedroCastilloTe) December 14, 2022