Os efeitos das mudanças climáticas já são sentidos por quase um terço da população do Acre, segundo a pesquisa Mais Dados Mais Saúde, Clima e Saúde na Amazônia Legal, divulgada na quarta-feira (8). Entre as principais consequências relatadas estão o aumento das contas de energia e o calor mais intenso nos últimos anos.
O estudo, desenvolvido pelas organizações Vital Strategies e Umane, com apoio do Instituto Devive, ouviu 4.037 pessoas entre maio e julho deste ano. A pesquisa abrangeu os nove estados da Amazônia Legal: Acre, Amapá, Amazonas, Maranhão, Mato Grosso, Pará, Rondônia, Roraima e Tocantins.
De acordo com o levantamento, 32% dos participantes afirmam ter sido diretamente afetados pelas mudanças no clima. O impacto é ainda maior entre os povos indígenas, onde o número chega a 42,2%. Grupos tradicionais, como ribeirinhos, extrativistas e indígenas, estão entre os mais vulneráveis devido às condições ambientais e à dependência dos recursos naturais.
No Acre, que possui pouco mais de 800 mil habitantes, comunidades que vivem em locais isolados enfrentam problemas como queda na qualidade da água, dificuldade na produção de alimentos e doenças relacionadas ao calor e à fumaça. Entre os grupos mais expostos estão os extrativistas (3,8%), indígenas (2,3%) e ribeirinhos (1,2%).
A percepção sobre o aquecimento global também é alta entre os entrevistados: 90,6% acreditam que o planeta já está aquecendo, e 88,4% dizem ter notado um agravamento das mudanças climáticas nos últimos dois anos. No Acre, esse cenário é confirmado por eventos como ondas de calor, secas prolongadas e incêndios florestais que têm atingido principalmente as zonas rurais.
Os efeitos mais citados pelos moradores da Amazônia Legal são o encarecimento da energia elétrica (83,4%), o aumento da temperatura média (82,4%), a poluição do ar (75%), o crescimento de desastres ambientais (74,4%) e a alta nos preços dos alimentos (73%). Além disso, 64,7% dos entrevistados disseram ter enfrentado ondas de calor, e 29,2% relataram presenciar incêndios florestais com fumaça intensa nos últimos dois anos.
A pesquisa mostra um lado positivo: parte da população tem buscado mudanças de comportamento diante da crise climática, adotando hábitos mais sustentáveis, como o aumento da separação de resíduos recicláveis.

