A produção de café no Acre registrou crescimento de 113,3%, de acordo com dados do Levantamento Sistemático da Produção Agrícola (LSPA), divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O volume produzido saltou de 3.079 toneladas no ano passado para 6.581 toneladas neste ano, consolidando o grão como uma das culturas em maior expansão no estado.
A produção de café tem aumentado no estado do Acre/Foto:Pedro Devani/Secom
Segundo o levantamento, a produção agrícola total do Acre deve alcançar 187.062 toneladas, cultivadas em uma área de 62.913 hectares destinados a cereais, leguminosas e oleaginosas. A mandioca lidera a produção estadual, com 494.311 toneladas, seguida por milho (123.214), banana (89.854), soja (56.656), cana-de-açúcar (10.181), laranja (5.252), arroz (4.339), feijão (2.829) e fumo (112).
O avanço da cafeicultura está diretamente ligado a políticas de incentivo, investimentos públicos e parcerias voltadas ao fortalecimento da agricultura familiar e do cooperativismo. Um dos principais marcos desse processo foi a implantação, em Mâncio Lima, do maior complexo industrial da agricultura familiar da Região Norte, com investimento de R$ 10 milhões. O empreendimento é resultado da articulação entre a Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI) e a Cooperativa de Café do Juruá (Coopercafé).
O Complexo Industrial do Café do Juruá conta com estrutura de 1.640 metros quadrados e opera com energia 100% renovável, gerada por 356 painéis solares, que produzem cerca de 21.500 kWh por mês. O projeto também adota práticas sustentáveis, como reaproveitamento da água da chuva e uso de lenha certificada, alinhando produção agrícola e preservação ambiental.
Outro aporte significativo ocorreu com a assinatura de um convênio de R$ 14,7 milhões entre a ABDI e a Cooperativa dos Extrativistas do Acre (Cooperacre). O investimento visa fortalecer a cadeia produtiva do café, com a construção de um novo complexo industrial em Acrelândia, em terreno cedido pelo governo do Estado, que também contribui com mecanização, insumos e tecnologias voltadas à zona rural.
De acordo com o secretário de Estado de Agricultura, José Luis Tchê, as parcerias firmadas ao longo dos últimos anos têm sido decisivas para o crescimento da cultura no Acre. “O Complexo do Juruá já é um sinal disso, e agora teremos mais dois complexos. Foi publicado no Diário Oficial o lançamento do edital para a compra de mudas de café e cacau, aprovado pela nossa Assembleia Legislativa”, afirmou.
Segundo o gestor, as mudas serão adquiridas diretamente de viveiristas locais. “Já temos garantido recurso para um milhão e meio de mudas de café neste ano e mais seis milhões para o próximo. Nosso governo vem trabalhando para fortalecer a cafeicultura do Acre, que já é reconhecida não apenas no Estado, mas também no Brasil e no mundo pela qualidade do nosso café”, destacou.
Tchê também ressaltou programas estruturantes que têm contribuído para o aumento da produtividade no campo. Um deles é o Solo Fácil, voltado à análise de solo na agricultura familiar. “Detectamos logo no início que 95% da nossa agricultura familiar não realiza análise de solo, algo básico e fundamental para qualquer produção. Com a análise correta, conseguimos corrigir o solo da maneira necessária”, explicou.
O secretário citou ainda o programa Plantando Água, que busca garantir irrigação durante o período de estiagem. “Vivemos em uma região com dois climas bem definidos: chuva e seca. Por isso, criamos o programa Plantando Água, que consiste na construção de tanques e barragens para armazenar a água da chuva e utilizá-la na irrigação”, afirmou.
Segundo ele, a iniciativa já demonstra impacto direto na vida dos produtores. “O café e o cacau, mas principalmente o café, trazem dignidade ao agricultor familiar, mudando sua vida quando ele passa a colher 70, 80 ou até 100 sacos por hectare”, concluiu.
Com informações da Agência de Notícias


