Reaproveitar madeira e transformá-la em uma peça única para decoração. Este tem sido o trabalho da arquiteta e empresária Adriane Cardoso, que há um ano decidiu empreender na área do artesanato e tem participado de diversos eventos fora do estado para expor objetos feitos com olhar técnico e delicado da profissional.
As peças vão desde vasos, mesas, espelhos, bandejas e outros tipos para decoração.
A Plataforma “Amazônia Que Eu Quero” realiza o fórum “Empreendedorismo” no próximo dia 20 com transmissão no Youtube da Fundação Rede Amazônica.
O objetivo é discutir novas opções de modelo econômico para a Amazônia. Busca-se elencar possibilidades reais de união da tecnologia com a utilização dos recursos naturais, gerando uma cadeia produtiva consciente, perene e sustentável, com benefícios econômicos e sociais para os amazônidas.
Em entrevista ao Bom Dia Acre, a arquiteta disse que o amor pelo artesanato começou aos 16 anos, quando trabalhava com entalhe em madeira. Há um ano, ela decidiu produzir peças em larga escala para venda. Além de empresária, ela é docente e trabalha na área de consultoria em arquitetura.
Desta forma, ela acompanha os maiores debates com relação à sustentabilidade, por exemplo, inclusive a Agenda 2030, que surgiu em setembro de 2015, quando 193 países membros da ONU se reuniram em Nova Iorque, nos Estados Unidos, para criar um plano de ação global a fim de promover o desenvolvimento sustentável para os próximos 15 anos, de forma que, até 2030, tenhamos um mundo mais sustentável e mais resiliente.
‘Peça que é lixo é luxo”
“Sempre fui apaixonada por madeira e através da madeira comecei a desenvolver peças para o meu uso pessoal e através desse desenvolvimento outras pessoas começaram a perceber o acabamento, o detalhe, o design e me incentivaram a realizar essa produção”, conta.
Um dos desafios, segundo ela, não é só no campo dos negócios, mas também de se reafirmar como artesã e mulher nesse mercado. Adriane conta que ainda hoje encontra algumas pessoas que duvidam que seja ela mesma que produz as peças.
“Antigamente, éramos vistas como donas de casa, donas do lar, menos como alguém que pudesse estar com uma lixadeira, menos com uma parafusadeira para fazer algumas peças dessas, inclusive, alguns clientes me perguntam se eu mesma que produzo. Então, gravo vídeos mostrando que sou eu que faço. Para mim, uma peça que é lixo é luxo, porque vivemos na Amazônia e ela é rica”, diz.
No ano passado, ela foi para uma exposição em Belo Horizonte (MG), onde vendeu 10 peças. A quantidade foi restrita devido à logística. Todo o material foi enviado por avião e as taxas são muito altas. Já este ano, em Brasília (DF), foram 25 peças.
“Cada artesanato é muito específico. Antes eu trabalhava apenas com peças rústicas, já hoje trabalho agregando valor a esta peça, vai ter catálogo agora que a cúpula do abajur, vamos ter sementes e ao mesmo tempo vamos agregar marchetaria, então são muitas situações. A gente pode criar um objeto único e o mais interessante é que a gente não precisa desmatar a Amazônia ou acabar com a natureza para se criar uma peça. Todas as minhas peças são doadas ou são pedaços de madeira que recolho. Todas as peças são únicas, porque a própria madeira já tem o seu desenho, já tem a sua cor, ela só precisa ser lapidada e acaba ficando uma peça exclusiva e única”, destaca.
O diferencial nas peças que ela produz é o acabamento. A arquiteta diz que os objetos muitas vezes parecem ser de porcelana.
“Muita gente me pergunta como chego no resultado final. Eu digo sempre que é muita produção e amor na valorização ao que temos na nossa região.”
Tanto diferencial enche os olhos de que não é nortista e não conhece as riquezas naturais da região. Adriane diz que é unânime a admiração por cada detalhe da madeira trabalhada.
“Se você viajar para o Sul não existe tanta madeira preciosa como na nossa região. Observei isso agora chegando na exposição, um dos artesãos me perguntou como eu conseguia essa madeira riquíssima. E, por mais que eu tente fazer a reprodução, eu não consigo, porque cada peça de madeira é única. Se me pedem 10 peças iguais, eu digo que não tenho”, explica.
Para a arquiteta, ter consciência de empreendimentos sustentáveis é uma forma de progresso aliando economia e também preservação.
“O ponto positivo é que podemos criar diversos objetos na nossa região e exportar, que exportar é criar emprego e renda. Já o ponto negativo é que temos alguns entraves, como juros, legislação e licença, que acabam nos impedindo de empreender por conta de tanta burocracia”.
Colaborou Elizânia Dinarte, da Rede Amazônica. Fonte: g1 Acre.