O Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom) anuncia nesta quarta-feira, 4, sua decisão sobre o rumo da taxa básica de juros no Brasil. É consenso no mercado financeiro que o BC eleve, pela décima vez consecutiva, a Selic. As análises esperam que a alta seja de 1 ponto porcentual, em um ritmo menor do que as três decisões anteriores, que subiram em 1,5 ponto os juros, até que se chegasse ao 11,75% ao ano vigente. Caso as projeções se confirmem, a Selic atingirá 12,75%, acima do patamar de fevereiro de 2017 e próximo dos 13% de janeiro do mesmo ano.
A escalada dos juros é a resposta do Banco Central à inflação alta e persistente, que segue acima dos dois dígitos e até mesmo “surpreendeu” o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, com a forte alta em março. “O cenário atual, com inflação elevada, persistente e disseminada, é consistente com essa decisão, e ensejará que a autoridade monetária continue avançando com a taxa Selic em território significativamente contracionista”, afirma o Itaú em relatório.
A persistência da inflação brasileira, neste momento, tem grande componente externo, com as commodities escalando em meio ao conflito entre Rússia e Ucrânia, o surto de Covid-19 na China que fecha portos e causa gargalos logísticos e também a inflação e os juros mais altos em economias desenvolvidas – nos EUA, é esperado que o Federal Reserve aumente novamente as taxas de juros, também nessa quarta-feira.
O mercado, no entanto, tem expectativa sobre a condução dos juros a partir desta decisão. As taxas mais altas são ferramentas para o controle inflacionário mas têm consequência direta no crescimento econômico, estimado em menos de 1% neste ano, segundo o Boletim Focus, que reúne as projeções do mercado financeiro. “Esperamos que o Copom deixe a porta aberta para outra alta menor da Selic no Reunião de junho. Encerrar o longo ciclo de aperto em junho (com um aumento moderado da taxa) seria justificado em nossa visão pelo fraco perfil de crescimento do PIB real abaixo da tendência, efeitos defasados de uma orientação monetária já claramente restritiva, real bem licitado e aumento incerteza geopolítica e econômica global em meio à alta volatilidade financeira”, afirma o Goldman Sachs.
- Fonte: Veja Abril.