Uma investigação conjunta realizada pelos jornais O Globo e The Guardian revelou a existência de um povo indígena isolado conhecido como Massaco, que vive nas florestas de Rondônia. Este grupo, um dos 29 povos isolados confirmados no Brasil, chama atenção por sua capacidade de proteger suas terras utilizando armadilhas de madeira resistentes, conhecidas como estrepes.
Nos anos 1990, a população dos Massaco era estimada em cerca de 120 indivíduos. Atualmente, calcula-se que o grupo tenha aproximadamente 250 pessoas, distribuídas em cerca de 50 famílias. Esse crescimento reflete uma tendência positiva observada entre os povos isolados da Amazônia, atribuída à política de não contato implementada pela Fundação Nacional do Índio (Funai) desde 1987.
Os Massaco demonstram um elevado grau de adaptação à floresta. São habilidosos caçadores, utilizando arcos de até três metros, considerados os maiores já registrados na Amazônia. Suas práticas culturais incluem a construção de tapiris altos (pequenos abrigos) e o uso de crânios de animais como marcações em seus territórios, características que os diferenciam de outros povos da região.
Além dos Massaco, há registros do crescimento de outras comunidades indígenas isoladas, especialmente no Acre e em Rondônia. Um estudo publicado na revista Nature revelou que, no Acre, as plantações desses povos cresceram a uma taxa de 17% ao ano entre 2015 e 2022, evidenciando sua capacidade de adaptação e resiliência diante das mudanças no ambiente.
Embora o aumento da população e da área de ocupação seja um sinal positivo, também traz riscos. O contato acidental com o mundo exterior é uma ameaça significativa, já que essas comunidades são extremamente vulneráveis a doenças externas. Por isso, a proteção de seus territórios e a manutenção da política de não contato continuam sendo fundamentais para garantir sua sobrevivência.
Embora alguns especialistas sugiram que os Massaco possam ter migrado da Bolívia, a ausência de contato direto impede conclusões definitivas. As ações de vigilância e preservação são indispensáveis para garantir que eles possam continuar vivendo de forma autônoma, em harmonia com seu território.