Tragédia aérea em Manoel Urbano, fugas no sistema prisional, alunos assediados por professor em escola, crianças maltratadas em creche, acidente de trânsito que matou mãe e filho, feminicídios, Eleições. O ano de 2024 foi marcado por fatos e histórias que chocaram a população.
Eventos extremos
Em 2024, o Acre viveu a maior cheia e seca em menos seis meses. O estado enfrentou cheias que atingiram 100 mil pessoas, com 19 das 22 cidades do estado (86%) em situação de emergência, áreas sem energia elétrica, aulas suspensas, plantações perdidas e o registro de quatro mortes.
O Rio Acre chegou a 17,89 metros em março deste ano, maior marca já registrada desde 2015. No entanto, seis meses depois, o manancial chegou a menor cota da história: 1,23 metro.
Em meio à seca, outro evento extremo marcou o período de estiagem no estado: a fumaça. Entre o início de setembro e outubro, o estado foi encoberto por uma densa camada de fumaça causada pelas queimadas que ocorreram não apenas no Acre, mas também nos estados vizinhos, Amazonas e Rondônia, e nos países vizinhos, Peru e Bolívia, e se estabeleceu como uma das mais poluídas do país.
O tradicional desfile de 7 de Setembro foi cancelado por causa dos índices de poluição do ar em Rio Branco, que chegaram a ficar acima de 700 µg/m3 (microgramas por metro cúbico) de material particulado, mais de 40 vezes além do que é recomendável pela OMS, que é de 15 µg/m3.
O governo anunciou ações emergenciais para tentar conter os efeitos do problema. Dentre eles o decreto de emergência em saúde pública, suspensão das aulas e instalação de um gabinete de crise.
Acidente aéreo em Manoel Urbano
Uma das tragédias mais marcantes foi a queda do avião Cessna Skylane 182, em Manoel Urbano, interior do estado. Sete pessoas estavam abordo quando a aeronave caiu após decolar, no dia 18 de março deste ano. Além do piloto, estavam quatro homens e três mulheres a caminho de Santa Rosa do Purus, também no interior. O avião tinha capacidade para transportar no máximo quatro pessoas e não tinha autorização para atuar como táxi aéreo.
Sidney Estuardo Hoyle Vega, comerciante peruano, morreu no acidente. Nove dias depois, Suanne Camelo morreu em Manaus (AM). A terceira vítima fatal do acidente foi a biomédica Amélia Cristina Rocha, de 28 anos, no dia 25 de maio. Já no dia 12 de julho, o piloto Valdir Roney Mendes, de 59 anos, também morreu em Manaus.
Sobreviveram ao acidente Mateus Jeferson Fontes, 26 anos, noivo de Suanne, Bruno Fernando dos Santos, 36 anos, marido de Amélia, e a adolescente Deonicilia Salomão Kalisto Kaxinawá, de 15 anos.
Jovem do Acre escravizada em SC
Um caso de exploração foi alerta para a juventude. A Polícia Civil de Santa Catarina indiciou uma mulher suspeita de maltratar uma jovem acreana, em Penha, no litoral norte do estado. A jovem foi submetida a trabalho análogo à escravidão. A apuração começou em novembro de 2023, após a denúncia feita por uma pessoa que passava pelo local e relatou ter ouvido choro vindo da casa onde a vítima estava.
A vítima foi resgatada e acolhida em um abrigo em Santa Catarina. A Rede Amazônica Acre conversou com a vítima e ela relatou a rotina de agressões e ameaça.
Maus-tratos em creche
A imagem de crianças amarradas em cadeiras, dormindo no chão e até machucadas na Creche Recreação Kids causou revolta e chocou a população. A dona do espaço, Maria Helena Araújo Mendes, foi denunciada por maus-tratos ao Ministério Público do Acre (MP-AC) pelas mães.
O g1 obteve, com exclusividade, imagens gravadas por funcionárias da creche que revelam as crianças sendo submetidas a diversas situações constrangedoras, de violência física e psicológica.
Após as denúncias, o MP-AC instaurou uma ação civil pública e entrou com pedido de liminar na Justiça pedindo a suspensão das atividades na instituição. A 2ª Vara da Infância e da Juventude da Comarca de Rio Branco concedeu a liminar.