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sexta-feira, abril 19, 2024

Artesanato do Acre retrata a cultura dos povos da floresta

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O artesanato do Acre é rico em detalhes que refletem a cultura do estado e da Amazônia. Cada peça é uma obra de arte única e exclusiva.

O artesanato acreano é sempre destaque nas feiras nacionais. Foto: José Caminha/Secom

No 15º Salão do Artesanato, em Brasília, que vai até o domingo, 8, no Shopping Pátio Brasil, mais que artesanato, o público encontra história em cada uma das peças expostas.

Marchetaria do Acre

Reconhecido mundialmente, o artesão Maqueson Pereira é especialista em marchetaria, técnica que consiste na incrustação ou aplicação de partes recortadas de madeira em objetos de marcenaria, formando desenhos dos mais diversos tipos.

Ednilton da Silva, gerente comercial da Marchetaria do Acre, no 15º Salão do Artesanato, em Brasília. Foto: José Caminha/Secom

O artesão produz cluches (bolsas de mão), caixas e outras peças decorativas, que são vendidas em países de todos os continentes. Sua obra já esteve presente em Paris, Tóquio, Nova Iorque, Milão e Londres.

Homem da floresta, Maqueson nasceu no Seringal Flora, em Porto Walter, interior do Acre. Trabalhava com o pai na extração do látex das seringueiras e já entalhava madeira, construindo barcos e instrumentos musicais.

A marchetaria é uma técnica utilizada pelo artista Maqueson Pereira há mais de 30 anos. Foto: cedida

Aos 14 anos, Maqueson saiu do seringal e iniciou o estudo formal no Colégio dos Padres da Congregação do Espírito Santo, em Porto Walter.

Aos 18, foi para Santa Catarina estudar. Lá precisou desenvolver habilidades manuais e optou pelo trabalho em madeira, que já conhecia. E chamou a atenção do padre responsável pelos seus estudos, o alemão Guilherme Schüler, que logo lhe apresentou os detalhes históricos e artísticos da técnica de marchetaria, estimulando seu aprendizado e desenvolvimento.

A marchetaria do Acre é conhecida mundialmente. Foto: José Caminha/Secom

Maqueson estudou na Itália e na Suíça, onde aprimorou ainda mais a técnica. Voltou a Cruzeiro do Sul e hoje é reconhecido mundialmente por sua obra, que utiliza resíduos de árvores e madeiras de áreas certificadas. Madeiras naturalmente coloridas, que, combinadas, retratam elementos da fauna e da flora acreana.

Sapatos de borracha

Nas mãos do seringueiro José Rodrigues, o látex vira sapato, sapatilha, colar e bolsa. Para criar os produtos, o “Doutor da Borracha”, como ficou conhecido, une os conhecimentos tradicionais, passados por seu pai, também seringueiro, com uma técnica que aprendeu durante um curso realizado no Acre, desenvolvida pelo Laboratório de Tecnologia Química da Universidade de Brasília (UnB), chamada Folha Semiartefato (FSA).

O Doutor da Borracha nasceu em Assis Brasil e trabalhou no seringal. Hoje, mora com a sua família na zona rural de Epitaciolândia.

A floresta é o lar e a escola de José. Seu trabalho é reconhecido mundialmente, mas ele mantém a vida simples, acordando cedo todos os dias para extrair o látex, que, misturado com um produto químico chamado ácido pirolenhoso, coagula o líquido leitoso, formando uma película que descansa no fundo da bandeja. A película é passada várias vezes num cilindro manual, até ficar bem fina, para depois secar. Com as mantas secas, José começa a montagem dos sapatos.

“Cinco da manhã é o horário que o seringueiro vai para a mata. Levo em média de duas a três horas cortando a seringa e mais uma hora e meia a duas colhendo o látex. Daí retorno para casa”, relata.

O Doutor da Borracha participa do 15º Salão do Artesanato, em Brasília. Foto: José Caminha/Secom

Para ele, a maior felicidade é ver a empolgação das pessoas e lojistas que frequentam as feiras com o seu produto.

“Quando iniciei esse trabalho, não tinha noção da mina de riquezas, não de valores, mas de conhecimento da floresta que eu estaria levando para o mundo”, afirma José.

Madeira reaproveitada

Adriane Aparecida da Silva uniu a arquitetura ao artesanato. Ela recolhe peças de madeira que caem naturalmente na floresta e as utiliza criando objetos de decoração.

A artesã Adriane está participando pela primeira vez do 15 Salão do Artesanato. Foto: José Caminha/Secom

Seu primeiro contato com o artesanato ocorreu aos 12 anos de idade, quando participou de um curso de entalhe em madeira. Ela se preocupou em utilizar as sobras de madeira que seriam descartadas, em peças decorativas e sustentáveis.

Luminária feita em madeira reaproveitada de desmatamento. Foto: José Caminha/Secom

Geralmente, a madeira utilizada para produção das peças são doadas pelo Exército e secretarias municipal e estadual de Meio Ambiente.

Adriane sonha em tornar sua empresa de artesanato, a Eco Design, referência em reutilização, reaproveitamento e recuperação de materiais, associando criatividade à conscientização ambiental. “Tudo o que acham feio e sem utilidade, eu acho lindo e dou uma nova utilização”, informa.

As peças se transformam em objetos decorativos, como mesas, luminárias e outros. Foto: José Caminha/Secom
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